Da coluna Menu Político, no O
POVO deste domingo (30), pelo jornalista Luiz Henrique Campos:
A uma semana das eleições,
muita coisa ainda pode mudar até o dia do voto, principalmente ao levarmos em
conta que grande parte dos eleitores deixa para definir a sua opção nos últimos
dias. A julgar pelo que estamos vendo hoje, porém, é difícil a situação do
Partido dos Trabalhadores (PT) nas capitais. Para quem tem a presidente Dilma,
com avaliação lá em cima, e um cabo eleitoral como o ex-presidente Lula, estar
nesse momento enfrentando sérias dificuldades para, pelo menos, ir à disputa do
segundo turno em grandes cidades, trata-se no mínimo de quadro preocupante e
que deve merecer avaliação profunda dos dirigentes da legenda, passado o
período eleitoral. Atualmente administrando sete capitais, com base nas
pesquisas recentes de intenção de voto, o PT está no páreo, com muito esforço,
para brigar em seis, correndo sérios riscos de perder.
Pode-se argumentar que os
problemas municipais são próprios e deslocados das questões políticas
nacionais. É fato. Sem contar que os problemas urbanos atingem indistintamente
gestões dos mais variados matizes ideológicos do País. Mas achar que isso pode
explicar a situação vivida pelo PT nas capitais é querer tapar o sol com a
peneira. Primeiro porque o Partido dos Trabalhadores sempre se vangloriou do
seu famoso “modo petista de governar”, como diferencial em relação a
administrações tendo a frente outras legendas. Foi assim com Porto Alegre,
Recife, São Paulo, só para citar as mais emblemáticas e importantes já geridas
pela legenda. Coincidentemente, nesses três lugares, a situação não está fácil
para a estrela vermelha.
Ainda em relação ao modo
petista de governar nas capitais, o PT mesmo parece querer estar fugindo da
discussão sobre os resultados desse modelo, quando joga todas as fichas na
eleição de seus candidatos na popularidade de Lula. Ora, o que é isso, se não
contrariar a gênese do partido, que sempre foi fugir do personalismo e apostar
na conscientização do eleitor a partir de questões programáticas? Assim, a
legenda não só legitima o voto de cabresto, contra o qual sempre lutou, como se
iguala aos adversários contra os quais combateu em toda a sua trajetória. O que
tem a mostrar, por exemplo, as administrações petistas, que não a figura do
ex-presidente pedindo voto se utilizando de argumentos até questionáveis, para
não dizer outra coisa?
Infelizmente, a cada ano, o
PT caminha para se igualar em método e forma a seus adversários. Para quem já
foi o depositário de esperanças de uma geração na mudança de um modelo político
viciado para uma nova visão nesse campo, é preocupante a situação atual vivida
pelo Partido dos Trabalhadores. Principalmente, quando se vê que não há no País
partidos fortes que possam conduzir o debate estratégico com vistas a levar o
Brasil ao patamar de avanço pelo qual tantos lutaram e acharam ser possível.