segunda-feira, 12 de novembro de 2018

FHC DIZ QUE BOLSONARO NÃO SABE O QUE FAZER NO GOVERNO

O Globo
Em entrevista ao jornal argentino "Clarin", o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) afirmou que ainda não há clareza sobre como vai ser o governo do Jair Bolsonaro (PSL) e o ironizou ao dizer que talvez nem mesmo o presidente eleito o saiba. FH diz, ainda, que o Brasil está muito polarizado e não há "muito espaço" para pessoas razoáveis.
Segundo a publicação, para o tucano, o convite para o juiz federal Sergio Moro assumir o Ministério da Justiça e da Segurança Pública, ainda que arriscada, é uma garantia de proteção da democracia.
- Fui senador, ministro, presidente, mas nunca o vi enquanto era deputado. Nunca escutei sua voz, não ouvi ele dizer o que pensa. Não se sabe realmente o que (Bolsonaro) vai fazer. Creio que nem ele mesmo o saiba - afirmou FH.
Questionado se havia semelhanças entre Bolsonaro e o ex-presidente da Venezuela Hugo Chávez, que também era militar, FH respondeu que ambos acreditam que a autoridade "deve ser imposta", embora o venezuelano fosse um populista mais próximo ao povo. Neste ponto, o tucano diz que o futuro presidente do Brasil está mais próximo do líder dos Estados Unidos:
- Bolsonaro, como Trump, não quer o povo, não quer os imigrantes, quer um passado idílico.
Ao "Clarin", Fernando Henrique descarta se candidatar novamente porque, em suas palavras, o país precisa de "energia jovem" e pessoas razoáveis, como ele se considera, "não têm muito espaço em um país polarizado". Para ele, o eleitor brasileiro não foi razoável ao eleger Bolsonaro e permitir a polarização:
- A radicalização começou durante os governos do PT, que sentenciava: 'Nós somos os bons e os outros, os maus'. Me acusavam de ser neoliberal e nunca o fui, mas essa era a forma de colocarem uma etiqueta para dizer: 'Este não serve'.
Além da polarização, a eleição de Bolsonaro foi impulsionada, de acordo com FH, pela crise econômica, problemas na segurança pública, antipestismo e a ideia que muitas pessoas desenvolveram após as investigações da Lava-Jato, de que "todos os políticos são ladrões".