sexta-feira, 8 de abril de 2011

TEÓLOGOS NÃO ENCONTRAM CAUSA RELIGIOSA PARA A VIOLÊNCIA


A carta encontrada pelos policiais, depois que Wellington executou 12 crianças e se matou, tem 35 linhas impressas, é assinada à mão e em tom de despedida. No texto, ele dizia como queria ser enterrado e demonstrava, paradoxalmente, respeito aos pais.

"Se não cumprirem meu pedido, automaticamente estarão desrespeitando a vontade dos pais, o que prova que vocês não tem (sic) nenhuma consideração pelos nossos pais que já dormem, eu acredito que todos vocês tenham alguma consideração pelos nossos pais, provem isso fazendo o que eu pedi", escreveu no fim da carta.

Teólogos de três religiões monoteístas - cristianismo, islamismo e judaísmo - não vêem qualquer fundamento religioso para o massacre de Realengo, apesar do conteúdo da carta deixada pelo assassino, com teor religioso.

O teólogo Eduardo Rosa Pedreira, doutor em Teologia pela PUC-RJ, disse, contudo, que o documento supostamente escrito pelo criminoso tem "traços muito claros de uma cultura religiosa maniqueísta e repressora".

- O pedido do criminoso, que manifesta a esperança de que "um fiel seguidor de Deus" peça perdão por ele, com a esperança na volta de Jesus, indica que na loucura dele há um traço de lucidez. Ele sabia que estava cometendo um pecado e esperava que alguém intercedesse por ele - disse o teólogo e pastor presbiteriano, acrescentando que o teor da carta não tem qualquer base bíblica, mas revela que o criminoso "bebeu em alguma fonte cristã sectária".