Líder do PMDB no Senado Federal,
Eunício Lopes de Oliveira revela que, apesar de trabalhar para se cacifar como
melhor nome para manter a união entre seu partido com o PT e o PSB no Ceará,
honrará seu compromisso com o governador Cid Gomes e não iniciará nenhum tipo
de negociação sobre sua candidatura ao Governo do Estado antes de janeiro de
2014. Na entrevista concedida ao portal Ceará News7 e ao jornal Aqui CE, na
última sexta-feira (7), o peemedebista falou sobre o cenário nada estável da
eleição estadual. Sem descartar a composição com o PSD B do ex-governador Tasso
Jereissati, desafeto histórico de Cid, Eunício afirmou que trabalha, hoje, para
garantir a manutenção da aliança do grupo político que elegeu Cid Gomes
governador do Ceará em 2006.
O senador já declarou que não há motivos para um rompimento entre o PMDB
e o PSB e por ter sido aliado incondicional de Cid, o senhor está otimista em
relação ao apoio do governador à sua candidatura?
EUNÍCIO OLIVEIRA: Nós fizemos uma aliança, em 2006, que obteve sucesso em todas as
eleições. Estamos dentro de um grupo que tem o privilégio de ter a homenagem da
sociedade através do voto. Mas uma eleição é sempre uma eleição. Eu votei em
Cid Gomes na sua primeira eleição, quando ninguém acreditava que ele pudesse
ser governador. Na reeleição trabalhei da mesma forma. Se a lei permitisse ele
a se ‘re-reeleger’, eu votaria nele com toda a tranquilidade. Mas a legislação
não permite ao governador um terceiro mandato.
É legítimo que o PMDB tenha as
suas aspirações, e eu não escondo esse sonho. Mas, na minha carreira política,
eu subi degrau por degrau. Eu estou no jogo, na mesa de negociações, mas tenho
paciência. O que vai acontecer, eu, sinceramente, não posso antecipar. Agora,
se o nome que sair dessa aliança for o meu, é natural que eu deseje o apoio do
governador Cid.
Mas não acho que esse seja o
momento de discutir esse processo. O Cid precisa de tempo para concluir seu
projeto e o que eu quero é ajudar esse governo. Tenho feito isso em Brasília.
Na questão do FPE, por exemplo, se eu não fosse o líder do PMDB no Senado e não
fosse amigo de Cid, teríamos perdido 52% de aumento, o que representam mais de
40% da receita do estado. E a manutenção desse modelo em que um ajuda o outro,
é muito importante.
Apesar de o debate eleitoral já ter sido antecipado por setores da
mídia, o senhor insiste em discutir 2014 só em 2014?
Eunício: Esse
ano é um ano de trabalho, de debater um Brasil que não pode voltar atrás. Vamos
depositar nossa energia em prol do nosso mandato de senador. No próximo ano a
gente bota a energia em prol da candidatura e da manutenção do mandato. 2013 é
um ano para gente fazer um mandato, já 2014 é hora de buscar um novo mandato.
Então, vamos discutir 2014 apenas a partir de janeiro.
Se o governador resolver descartar sua candidatura e o PT fechar com
Cid, a aliança Eunício-Tasso se concretiza?
Eunício: Na
política não se descarta nenhuma possibilidade. Eu não tenho nenhum preconceito
em conversar com a extrema-esquerda, nem com a extrema-direita. Eu não fiz inimigos,
não construí nada com desarmonia. Eu fiz política sempre de bastidores,
negociações e entendimentos. Mas, eu não tenho duvida que esse grupo político
que se juntou em 2006 vai ter continuidade através de um de nós em 2014.
No que a candidatura de Eduardo Campos (PSB) ao Planalto influencia na
sua candidatura? O PT dá sinais de que se Cid conseguir um recuo de Campos, irá
apoiar um candidato do PSB à sucessão?
Eunício: Tenho
conversas quase semanais com a presidente Dilma Rousseff e ela espera que essa
aliança continue em 2014. Disse, textualmente, que deseja a manutenção da
aliança entre PT e PMDB que, nas palavras dela, é seu aliado preferencial.
Agora, é legítimo que Campos queira ser candidato ao Planalto. E é por isso que
insisto: qualquer manifestação agora é prematura. Se o PS B lançar candidato ao
Planalto, é natural que os membros do partidos apoiem esse nome.
Há um consenso de que o melhor nome para manter a união do PSB, PT e
PMDB no Ceará é Eunício Oliveira. Essa alternativa une até a ex-prefeita
Luizianne Lins. Falta apenas o aval de Cid?
Eunício: Eu sou
aliado histórico desse projeto desde o ex-presidente Lula. Tenho um diálogo
frequente com Dilma e com o PT. Mas, há uma aliança no Ceará, onde o Cid é o
coordenador desde 2006. Se as circunstancias políticas não permitirem que ela
prossiga, vou lamentar. Ainda não conversei com Cid sobre isso. Até porque fiz
declarações publicas de que só trataria isso a partir de janeiro. Como há um
compromisso mutuo de que discutiremos isso a partir do ano que vem, seria
deselegante fazer qualquer tipo de conversa paralela. Isso seria uma traição ao
compromisso que fizemos. E eu tenho honrado cada palavra dita.
Foi dito pelo ex-ministro Geddel Vieira que o PMDB pode até abrir mão da
vaga de vice-presidente ocupada por Michel Temer. Há chances de ruptura?
Eunício: O
PMDB foi um guarda-chuva da democracia brasileira. Todos esses partidos que
estavam na clandestinidade, inclusive o PSB quando Miguel Arraes teve que se
exilar, ficaram acomodados no velho MDB - partido que abrigou os opositores do
Regime Militar de 1964 e deu origem ao PMDB - para não se curvar à ditadura.
Somos um partido democrático. Não vamos fazer uma intervenção na Bahia porque o
Geddel discorda do presidente do partido, Michel Temer. No PMDB não há essa
tradição de intervenção, de calar a boca das pessoas. Então essa é uma
manifestação de um membro respeitado do partido, mas não é, sinceramente, a
opinião do partido.
(Fonte: Aqui Ce.)


