O presidente da República era Fernando Henrique Cardoso (PSDB) e a TV
Globo transmitia a novela “Torre de Babel” quando, em agosto de 1998, a
Polícia Federal abriu inquérito em Porto Velho para apurar uma série de
“saques indevidos de FGTS pelo Estado de Rondônia”. Quem assinava os
contratos sob suspeita com a Caixa era o então governador do Estado,
Valdir Raupp, hoje senador pelo PMDB.
Em 1º de setembro de 2000, o oficial de Justiça informou em ofício
que “o -acusado Valdir Raupp reside em Brasília”. Desde então, o
Judiciário não consegue dar uma palavra final sobre o caso, até para um
eventual benefício do parlamentar, já que por três vezes o Ministério
Público pediu o arquivamento, mas o Supremo Tribunal Federal (STF) ainda
não decidiu e Raupp segue como réu.
Ele enfrenta outras duas ações penais de um total de 84 contra 53
deputados e senadores hoje em andamento no Supremo, corte onde os
integrantes do Congresso têm foro privilegiado. Levantamento da Folha
com informações fornecidas pelo STF a pedido do jornal revela que esses
84 casos que se tornaram ações penais estão, em média, há sete anos e
oito meses sem um desfecho. Desses, 22 (26%) estão em andamento há mais
de dez anos. Outros 37 (44%) superam seis anos. Quatro, entre eles três
de Raupp, ultrapassam 15 anos sem decisão final.