terça-feira, 22 de abril de 2025

FRANCISCO NOMEU A MAIORIA DOS CARDEAIS QUE VOTAM , MAS SEU LEGADO NÃO ESTÁ GARANTIDO

 

O papa Francisco nomeou em seu pontificado 108 dos 135 cardeais que poderão votar e ser votados no próximo conclave. Isso não é uma garantia, no entanto, de que o papa a ser eleito para suceder Francisco tenha identificação com as linhas de ação de seu papado. Só poderão votar no conclave os cardeais com menos de 80 anos.

O total de cardeais da Igreja católica atualmente em todo o mundo é 252. Mas 117 deles não têm direito a voto por terem completado 80 anos. O único cardeal no Brasil nessa situação é dom Raymundo Damasceno, 87 anos, arcebispo emérito de Aparecida (SP). Francisco escolheu 108 dos cardeais aptos a votar, outros 22 foram pelo seu antecessor, o papa Bento XVI, e apenas cinco por João Paulo II.

Nesse conjunto, sete cardeais com direito a voto são brasileiros, cinco deles nomeados por Francisco. Apenas dois são considerados progressistas: o cardeal de Porto Alegre (RS), dom Jaime Spengler, atual presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e dom Leonardo Steiner, arcebispo de Manaus (AM).

Foram também nomeados cardeais por Francisco dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil (título dado a quem comanda a arquidiocese mais antiga do país); dom Paulo Cezar Costa, arcebispo de Brasília; e dom Orani Tempesta (foto), arcebispo do Rio de Janeiro. Dom Sérgio da Rocha é considerado moderado, politicamente ao centro. Dom Orani está mais próximo da centro-direita e dom Paulo Cezar Costa é visto como conservador.

Os outros dois cardeais brasileiros que também terão direito a voto – e poderão ser votados – são dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, também identificado politicamente com a centro-direita e que chegou a ser cotado para tornar-se papa no conclave de em 2013; e dom João Braz de Avis, arcebispo emérito de Brasília e prefeito da Congregação dos Institutos Religiosos do Vaticano até 2023, que é considerado moderado.

Dom João Braz de Aviz se tornou um religioso bastante próximo de Francisco. Dom Odilo é apontado como de centro-direita ou conservador, mas é um arcebispo que dá liberdade de ação para religiosos da ala progressista da Igreja, como o padre Júlio Lancelotti, por exemplo, coordenador da Pastoral do Povo da Rua, em São Paulo.

(PlatoBR)