A escolha do novo papa, o norte-americano Robert Prevost, nascido em Chicago, tem um significado importante em um momento em que há atritos entre o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e membros da hierarquia católica no país. Prevost é tido como um religioso “de moderado a progressista”, alinhado às ideias de Francisco no campo social. Ele acena com a possibilidade de uma continuidade do pontificado do argentino, embora não tenha exatamente as mesmas posições na área de costumes. Tem um perfil compatível com as previsões correntes antes do conclave.
Leão XIV será um contraponto à política expansionista e anti-imigração de Trump. Havia rumores de que o presidente americano gostaria de influir na escolha do novo papa, e os cardeais no conclave acabaram dando uma resposta a ele no sentido contrário.
Prevost foi anunciado como o papa Leão XIV nesta quinta-feira, 8, na janela do Palácio Apostólico, no Vaticano, pelo protodiácono Dominique Mamberti, cardeal francês. No primeiro pronunciamento, ele falou sobre a necessidade de “construir pontes”. Ele é o primeiro papa norte-americano na história da Igreja e o primeiro pontífice vindo de um país de maioria protestante.
Bispo-emérito de Chiclayo, no Peru, Prevost, 69 anos, era um dos favoritos no conclave. Integra a Ordem de Santo Agostinho (Agostinianos) e foi ordenado padre em 1982. Nomeado cardeal pelo papa Francisco em 2023, o agora papa Leão XIV ocupava no Vaticano, até o conclave, o cargo de prefeito do Dicastério para os Bispos. Assim, ele participou da escolha de boa parte dos bispos nesse período.
Passou grande parte de sua carreira religiosa como missionário no Peru. Foi bispo de Chiclayo, no noroeste peruano, entre 2015 a 2023.
Quando atuou como bispo em Chiclayo, onde ficou nove anos, Prevost foi alvo de uma séria e grave denúncia: três mulheres o acusaram de acobertar supostos casos de abuso sexual cometidos por dois padres no Peru, quando elas eram crianças. A mãe de uma das denunciantes disse ter telefonado para Prevost em 2020. Dois anos depois, ele disse ter recebido formalmente os relatos e encaminhado para o Vaticano. A diocese peruana negou o suposto acobertamento do caso. Afirmou que Prevost seguiu os trâmites exigidos pela legislação da Igreja. O Vaticano não concluiu a investigação.
“A todos vós, irmãos e irmãs, de Roma, da Itália e do mundo inteiro, queremos ser uma Igreja sinodal, uma Igreja que caminha, que busca sempre a paz, que busca sempre a caridade e busca sempre estar próxima, especialmente daqueles que sofrem”, saudou Prevost.
(PlatoBR)