quinta-feira, 14 de agosto de 2025

“MOBILIZAÇÃO PRECOCE” TRANSFORMA CUIDADO DE PACIENTES NA UTI DO HOSPITAL REGIONAL NORTE

 

No ambiente de alta complexidade da Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Regional Norte (HRN), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) em Sobral, cada movimento conta, e, muitas vezes, é decisivo para a recuperação. Mesmo pacientes sob ventilação mecânica podem, com segurança e acompanhamento especializado, iniciar um processo de mobilização precoce que vai muito além do fortalecimento físico: é também um gesto de humanização.

De acordo com o coordenador do serviço de fisioterapia do HRN, Jean Agostinho de Moura Junior, essa estratégia é segura, eficaz e baseada em critérios rigorosos. “Antes de cada sessão, avaliamos parâmetros vitais, estabilidade hemodinâmica, força muscular e nível de consciência, sempre seguindo protocolos específicos. Mobilizar não significa expor o paciente a riscos, mas evitar os riscos da imobilidade prolongada”, explica.

A mobilização precoce de pacientes em ventilação mecânica, mesmo em estado crítico, reduz complicações e acelera a recuperação. Entre os benefícios estão a diminuição da perda muscular, redução do tempo de ventilação mecânica, melhora da função cardiovascular e prevenção de infecções e delírios. Essa ação, segundo o fisioterapeuta, pode começar com atividades passivas, como mudanças de decúbito, mobilizações articulares e posicionamentos terapêuticos.

À medida que o paciente evolui, são desenvolvidos exercícios ativos no leito, como a sedestação (sentar na beira da cama), o ortostatismo (ficar de pé com apoio) e até mesmo a deambulação (caminhada com ventilador portátil), quando possível. “O movimento, quando bem conduzido, é terapêutico e salva funções. Tudo é feito de forma individualizada e por uma equipe multidisciplinar, garantindo segurança em cada etapa”, reforça Jean.

Quando técnica e sensibilidade caminham juntas

Quem viveu na pele o impacto dessa assistência foi a dona de casa Maria Eliana do Nascimento Mesquita, 42, moradora do distrito de Taperuaba, em Sobral. Ela convive com uma condição rara: o angioedema hereditário tipo 1, doença genética que provoca inchaços súbitos e potencialmente graves em regiões como vias respiratórias, pele e órgãos internos. Devido à condição, Eliana utiliza um traqueóstomo para respirar.