A denúncia feita pela força-tarefa da Operação Lava-Jato de São Paulo
contra o senador e ex-governador José Serra (PSDB-SP), acusado de lavagem de dinheiro,
representa um novo desgaste para o PSDB.
O episódio gera mais um impacto negativo no ninho dos tucanos. Vale
recordar que o tema da corrupção já havia atingido o deputado federal Aécio
Neves (PSDB-MG), um dos líderes da sigla em nível nacional, tal como José Serra
(PSDB-SP) obteve apenas 4,76% dos votos válidos na eleição presidencial de
2018.
Ainda que o PSDB passe por uma transição geracional, tendo os
governadores de São Paulo, João Dória, e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite,
como potenciais candidatos ao Palácio do Planalto para 2022, os fatos
envolvendo Aécio e Serra afetam intensamente o partido.
Além de ter de gerenciar esse desgaste, o PSDB tenta reposicionar sua
imagem também por ter perdido para o bolsonarismo parte expressiva de seu
eleitorado, sobretudo entre as classes médias urbanas.
Após se postar como antipetista e flertar com o bolsonarismo, João Dória,
apontado como o nome mais forte para a disputa presidencial de 2022, afastou-se
do presidente Jair Bolsonaro após a chegada ao Brasil da pandemia do
coronavírus e buscou se posicionar ao centro.
Eduardo Leite, que por enquanto evita movimentos nacionais, tem um
perfil diferente de Doria. Leite tem uma imagem mais ligada à clássica social-democracia
europeia.
Embora tenha nomes com potencial, a dificuldade de se posicionar num
ambiente de polarização e o desgaste na imagem do PSDB ameaça a pretensão do
partido em ser o protagonista do chamado centro em 2022, podendo incentivar
novamente o debate sobre a necessidade de um novo partido centrista,
principalmente se o PSDB não tiver desempenho satisfatório nas eleições
municipais.