O
episódio que põe em risco o emprego de Geddel Vieira Lima como ministro
da Secretaria de Governo do presidente Michel Temer se resume a um
pedido de vista – ou a mais de um. A saber:
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Ao comprar um apartamento em um prédio de 30 andares a ser construído
em uma área tombada de Salvador, Geddel estava interessado na vista que
de lá se descortina da belíssima baía de Todos os Santos, a maior do
Brasil em extensão e a segunda do mundo. Só perde para o golfo de
Bengala.
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Para retardar a abertura de processo contra Geddel na Comissão de Ética
da presidência da República, o conselheiro José Saraiva, o único que
deve, ali, sua indicação a Temer, pediu vista do processo, alegando que
precisava de mais tempo para formar sua opinião a respeito.
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Diante da suspeita de que Saraiva agira assim por “ordem superior”, o
que pegaria mal para Temer, o próprio Geddel telefonou para ele e pediu
que desistisse do pedido de vista do processo. E assim fez Saraiva – só
não se sabe se em atendimento ao pedido de Geddel ou por ter formado sua
opinião a respeito do processo em um par de horas.
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Em seguida, Temer pediu vista do caso antecipando-se ao que a Comissão
de Ética venha a decidir, e avisou por meio do seu porta-voz que Geddel
será mantido no cargo. Só faltou acrescentar: “Doa em quem doer”.
A
confusão não servirá para que Geddel resgate a tão desejada vista da
baia de Todos os Santos, afinal a construção do prédio foi embargada
pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Servirá,
apenas, para fazer sangrar um pouco mais a imagem de um governo com
baixíssima taxa de aprovação.