Mais de dois milhões de caminhoneiros percorrem as rodovias do Brasil transportando 200 milhões de toneladas de safras e mercadorias. Nos quase 20 mil quilômetros de rodovias federais, são inúmeros os acidentes, que têm entre múltiplos fatores as jornadas excessivas, a falta de segurança e os prazos de entregas apertados. Muitos caminhoneiros recorrem às drogas para não pagar multa por atraso na entrega de mercadoria.
De acordo com o Ministério Público do Trabalho (MPT) no Mato Grosso do Sul, o uso de drogas por caminhoneiros triplicou depois que a jornada de até 12 horas de trabalho foi autorizada pela nova Lei dos Caminhoneiros (Lei 13.103/2015). A presença de estimulantes e entorpecentes, principalmente cocaína, foi detectada em 33% dos motoristas submetidos a exames toxicológicos em apenas dois dias de operação realizada no estado.
Para o médico do trabalho Marcelo Carneiro, num primeiro momento, o uso de entorpecentes faz com que o sistema nervoso central fique extremamente acelerado, o que aumenta os reflexos. “Quando essa droga é metabolizada e começa a cair no organismo, ou seja, a sumir do organismo, há um efeito rebote, e o motorista pode apagar no volante. E aí, os acidentes são fatais”, afirma.
Um levantamento feito pela Polícia Rodoviária Federal mostra que, entre 2013 e os quatro primeiros meses de 2017, ocorreram mais de 193 mil acidentes envolvendo caminhoneiros. No mesmo período, foram registradas mais de 5 mil mortes de condutores de caminhões nas rodovias federais.