Por JC Online e Estadão Conteúdo
Em
entrevista ao historiador e comentarista político Marco Antonio Villa,
divulgada na quarta-feira (5), o ex-governador do Ceará e ex-candidato a
presidente Ciro Gomes (PDT) chamou o apresentador e potencial candidato
à presidência em 2022 Luciano Huck de "estagiário" ao dizer que ele não
poderia ser eleito para o Planalto porque não tem experiência na
administração pública e não saberia conduzir a economia.
"Na
mesma hora que o consumo se anima, explode a importação, que é o
fenômeno que derrubou Dilma. Quando Lula implode a importação, estamos
vendendo petróleo a $ 110 o barril. Essa importação com a Dilma ficou
desfinanciada porque o petróleo caiu para $ 30. Essa é a explicação e
vai acontecer agora com Bolsonaro. Cresceu dois pontos, o País quebra...
Por isso, não podemos botar um estagiário mais na presidência da
República", disse o pedetista. Quando foi questionado por Villa sobre
quem seria o estagiário, Ciro respondeu que era Huck.
"Para
mim, é o Luciano Huck. Isso é inacreditável. Eu até tenho medo de
ofendê-lo porque tenho uma relação cordial com ele e com Angélica, não é
nada disso, eu não sei como ele se propõe", acrescentou.
Bolsonaro, FHC e Lula
Ciro
também classificou o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e os
ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso (FHC) e Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) como 'estagiários' por não terem experiência prévia na
administração pública antes da presidência da República.
"É
assim, eu paro numa esquina e vejo malabaristas, acho maravilhoso. Não
tenho capacidade mental para treinar aquilo. Vou pegar meu filho com
apendicite e dar para um malabarista cuidar? Não dá. Bolsonaro é um
estagiário, nunca administrou nada nem na vida pública e nem na privada,
primeira experiência é a presidência da República. Fernando Henrique
nunca administrou nada. Lula nunca administrou nada. Será que o Brasil
não está vendo isso?", questionou.
Doria, Huck e Ciro têm de "começar a conversar" sobre 2022, diz Maia
Em
entrevista à GloboNews, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ),
falou sobre a corrida à Presidência da República em 2022. Questionado
por jornalistas sobre os nomes a que tem demonstrado apoio para formar
uma aliança de centro, sem necessariamente lançá-los antecipadamente à
disputa daqui a dois anos, o parlamentar comentou que o governador de
São Paulo, João Doria (PSDB), Luciano Huck e Ciro Gomes "têm de ter
coragem de começar a conversar para 2022". Senão, acrescentou Maia, a
disputa será decidida entre Jair Bolsonaro "e o candidato do Lula".
"Não tenho resposta", diz Huck sobre 2022
Huck
foi questionado no dia 23 de janeiro em um almoço-painel no Fórum
Econômico Mundial, em Davos, na Suíça, a respeito de uma futura
candidatura à Presidência da República e não refutou a possibilidade.
Enrolou, falou de Amazônia, que não tinha nada a ver com a pergunta, mas
acabou concluindo, para risos da plateia que acompanhava a palestra:
"Sua pergunta é muito difícil. Não tenho a resposta nem para mim mesmo",
afirmou.
Mais do que não negar a possibilidade, Huck deu justificativas de por que pode acabar trilhando este caminho.
Para
o apresentador, há "muitas maneiras" de se engajar nas mudanças que o
País precisa e "entrar para a política é uma delas", afirmou. Mas também
listou outras iniciativas que poderiam ser tomadas, como fomentar,
inclusive por meio de financiamento, a qualificação de novos talentos da
política - algo que já faz, por meio da parceria com os movimentos de
renovação, que, por sua vez, são vistos como a plataforma inicial,
anterior inclusive aos partidos, para seu lançamento na política.
"Todas
as decisões que tomamos na vida são políticas", afirmou o apresentador,
que está circulando em Davos com a barba, branca, crescida.
O
"lançamento" da candidatura foi feito por Raiam Pinto dos Santos, que
estava na audiência do almoço-painel, se apresentou como empreendedor e
quis saber que garantias Huck daria de que seu projeto é para valer.
Para
o presidente do Cidadania, Roberto Freire, uma das figuras do meio
político com quem Huck tem conversado - e que estimula que a
possibilidade de o nome do apresentador estar nas urnas se concretize -,
a participação em Davos teve dois propósitos: primeiro, ajudar a tirar
algum preconceito que possa existir com o fato de Huck ser um
apresentador de TV. "Ele vem mostrar capacidade" e conhecimento das
questões do País. Em segundo lugar, segundo Freire, as falas de Huck
demonstram que ele "está admitido a possibilidade" de efetivamente
entrar na disputa de 2022.
Huck,
que é ligado aos movimentos de renovação política RenovaBR e Agora!, já
vinha declarando que é preciso "restaurar" as lideranças políticas
nacionais. Em janeiro, ele havia publicado um artigo com a defesa dessa
ideia no site do próprio Fórum Econômico Mundial. Ele também já fez
críticas à condução das políticas ambientais no País sob o governo Jair
Bolsonaro e, na semana passada, foi um dos que criticaram o vídeo com
citações nazistas do então secretário especial da Cultura, Roberto
Alvim, antes de o presidente decidir demiti-lo.
O
apresentador tem se aproximado de políticos como Freire, o
ex-governador do Espírito Santo Paulo Hartung e mantido diálogos com o
governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB). A movimentação já fez ele
ser alvo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que disse que Huck
"não representa a centro-esquerda", mas sim "a TV Globo". Já o deputado
Marco Feliciano (sem partido-SP), aliado da família Bolsonaro, o chamou
de "comunista" na semana passada.
No
dia 22 de janeiro, Huck já havia gravado um vídeo e publicado em suas
redes sociais, em que apresentou o Fórum Econômico Mundial. "É um
daqueles eventos para tentar fazer o mundo um lugar mais igualitário,
mais justo, e para repensar um pouco os fundamentos do capitalismo",
disse o apresentador. "Como estou numa fase da vida que quero aprender,
onde fazer pergunta é mais legal do que saber resposta, eu estou aqui",
completou. Ao explicar o evento, ele disse que o encontro não era "uma
seita secreta para definir os rumos do mundo." As informações são do
jornal O Estado de S. Paulo.