A reforma previdenciária foi para o espaço, apesar da propaganda que
vem fazendo o ministro Eliseu Padilha e outros ministros palacianos.
Acontece que a opinião pública é contra, junto com os líderes dos
principais partidos da base oficial. Num período de vacas magras como o
atual, qualquer reforma destinada a retirar direitos é rejeitada. Aliás,
a reforma trabalhista deve ir para o mesmo caminho.
Quanto
a mudanças na Previdência Social, há resistências até no Congresso,
mesmo se sabendo da existência, no governo, da sugestão de regras de
transição para a aplicação imediata dos 65 anos de limite para
aposentadoria de homens e mulheres.
Obter de políticos medidas impopulares é difícil. Ainda mais às
vésperas das eleições municipais. Apesar de as esquerdas e as centrais
sindicais andarem caladas, infensas a criticar qualquer iniciativa do
governo, parece difícil que por enquanto o presidente Michel Temer
decida desencadear a temporada de abertura do saco de maldades. Ele tem
recebido apoio até acima das expectativas, mas não ousaria colocar em
risco a estabilidade de sua permanência no controle do país. Até porque,
os adversários da reforma previdenciária estão preparando amplo
relatório provando que a Previdência Social não é deficitária, mas, pelo
contrário, dá lucro.
Se os neoliberais do palácio do Planalto insistirem, não só perderão
votos, na hora das decisões, como fornecerão munição para o PT.
A outra reforma pretendida pelos detentores do poder também é
polêmica: a trabalhista. Afinal, com 13 milhões de desempregados e o
custo de vida subindo todos os dias, como pensar em reduzir direitos
sociais e substituí-los pelos interesses dos patrões, nessa esdrúxula
troca entre o negociado e o acordado?
Não é por aí que o governo romperia as dificuldades inerentes à
conjuntura. Por que não optar, por exemplo, pela abertura de frentes
públicas de trabalho para enfrentar o desemprego?
Por Carlos Chagas