Desconfortável por ter um
subordinado que pensa e age diferente de si, o presidente Jair
Bolsonaro pretendia demitir Luiz Henrique
Mandetta do Ministério da Saúde na segunda-feira (06) e
trocá-lo pelo deputado federal Osmar Terra. Não conseguiu. Assim que a notícia
veio à tona, começaram as poderosas pressões para evitar que o mandatário
concretizasse a exoneração do ministro, que é mais popular que o seu próprio
chefe por causa da coordenação das ações de enfrentamento à pandemia da Covid-19.
Houve quatro frentes
de críticas contra a decisão até então tomada pelo presidente: 1) generais do Exército,
um deles na ativa, com assento no Planalto, disseram que lhe faltaria apoio popular
e político para demitir um ministro que tem seguido as recomendações das
principais autoridades sanitárias do mundo; 2) congressistas o alertaram sobre
a possibilidade de atrapalhar ainda mais a relação no Legislativo e de ver um
dos pedidos de impeachment contra ele prosperar em médio prazo; 3) no
Judiciário, ao menos dois ministros do Supremo Tribunal
Federal queixaram-se de falta de liderança política no país e;
4) nas redes sociais, pulularam manifestações de apoio a Mandetta. O ministro
ganhou ainda uma demonstração de suporte entre os seus: cerca de 150 servidores
do Ministério da Saúde fizeram um protesto em frente à sede do órgão para
ameaçar uma demissão coletiva, caso se concretizasse sua exoneração.