Passada a demissão de Gustavo Bebianno, o Planalto vai para o jogo congressual, em que o primeiro desafio, antes da reforma previdenciária chegar ao plenário, será garantir a aprovação da reestruturação do governo do presidente Jair Bolsonaro (Medida Provisória 870). O número de emendas chega a 541, sinal de que a vida não será fácil. Tem proposta para o retorno da política indigenista ao Ministério da Justiça; a passagem da presidência do Conselho de Política Externa para o vice-presidente, general Hamilton Mourão; e, ainda, a inclusão nesse colegiado do ministro da Economia, Paulo Guedes, e da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, conforme emenda sugerida pelo deputado Hildo Rocha (MDB-MA). A MP original mantém o conselho restrito ao Itamaraty e presidido pelo ministro Ernesto Araújo.
A forte bancada ruralista se prepara ainda para tentar centralizar tudo o que for do campo no Ministério da Agricultura, inclusive as áreas de mobilidade, habitação e saneamento rural.
A contar pela forma como o presidente Jair Bolsonaro encaminha seu relacionamento com o Congresso até aqui, não há clima para rolo compressor. O governo precisará sentar com os partidos e negociar caso a caso. E se será assim na reestruturação, imagine na reforma previdenciária.
(Por Denise Rothenburg)