Inácio Aguar - DN
O senador Cid Gomes voltou a usar o termo "achaque" para resumir a dificuldade que o governo federal está tendo na relação com o Congresso Nacional neste momento. Segundo o parlamentar cearense, essa prática que "está consolidada no Brasil" é liderada pelo presidente da Câmara Arthur Lira (PP).
Cid desenha um cenário cada vez mais difícil ao governo e diz que Lula cometeu um erro ao propor a PEC da Transição antes de assumir o governo, o que fortaleceu a liderança de Lira, que garantiu a reeleição.
"No governo Bolsonaro, o Lira se apropriou de toda a fatia de investimento público no País. Como se admite isso? Ele representa a prática do achaque, de criar dificuldade para o Executivo para arrancar cargos, dinheiro... Infelizmente, essa é a prática que está consolidada no Brasil", diz.
Esse termo, usado no governo Dilma, quando cid era ministro da Educação, levou o então presidente Eduardo Cunha a convocar Cid para dar explicação no plenário da Casa. Agora, 8 anos depois, o parlamentar volta a acusar a prática no Congresso.
ele ainda alerta que a "fatura" das votações no Congresso vai aumentar de preço com o passar do tempo. "O preço vai aumentar, você vai ver. Daqui a pouco, ele (Arthur Lira) vai querer um Ministério. e não será qualquer Ministério, será o da Saúde. Anote aí", vislumbra.
Para Cid, o governo, agora, terá que lidar com esse processo por erros que, segundo ele, começaram antes do mandato do atual presidente.
"O Lula não tinha nada que ter ido negociar pec de transição sem ter assumido o governo. Ter ido pedir votos no Congresso... Qual o principal assunto da PEC? O Bolsa Família. Deveria ter deixado isso para 1º de janeiro. Isso teria dado outro parâmetro para a discussão da Presidência da Câmara. Como não fez, fortaleceu essa política (do achaque) e agora tem que conviver".