Conquistar o mercado internacional tem sido um objetivo estratégico das maiores empresas calçadistas do país, não importa o posicionamento. Resultados preliminares já influenciam os preços das ações, segundo analistas, diante da relevância da diversificação geográfica.
A ação da Grendene acumula valorização de 10% neste ano versus perda de 1% do Ibovespa no período. O papel da Alpargatas cai mais de 40%, e o da Arezzo 13%.
Analistas listam motivos para o desempenho mais recente acima de seus pares do grupo calçadista do Rio Grande do Sul, dono de marcas tradicionais como Melissa, Ipanema e Rider: ausência de endividamento, aumento de margem bruta, redução de custos, incentivos fiscais e uma expansão até aqui avaliada como bem-sucedida no mercado internacional, hoje dominado pela China.
Para crescer no mercado externo, a Grendene aposta na GGB (Grendene Global Brands), uma joint venture formalizada em 2021 com a 3G Radar. A gestora é associada à 3G Capital, empresa de investimentos do trio de bilionários Jorge Paulo Lemann, Marcel Herrmann Telles, Carlos Alberto Sicupira.
No resultado do primeiro trimestre, divulgado na última sexta-feira (12/5), a Grendene surpreendeu analistas com um crescimento anual de 118% na receita da GGB, que saltou para R$ 7 milhões, ante R$ 3,2 milhões entre janeiro e março do ano passado. São números ainda baixos quando comparados com as receitas com exportações, mas que sinalizam, segundo analistas, um começo na direção certa.
Com sede no Reino Unido, a GGB é responsável pela distribuição e pela comercialização das marcas da Grendene nos mercados dos Estados Unidos, do Canadá, da China e de Hong Kong. A Grendene tem um programa de infuencers da marca Melissa, dentro de sua estratégia de foco em plataformas digitais e consequente aumento da receita com o e-commerce.
Analistas do setor estão de olho nos dados da nova empresa da Grendene a fim de estabelecer métricas mais precisas para o potencial de ganhos da GGB com o novo formato de atuação do grupo, um dos maiores produtores mundiais de calçados, no mercado internacional.
A companhia atribuiu o resultado em parte às liquidações para queima de estoque nos Estados Unidos mas também a um fator de certa forma inusitado: a força da embaixadora global da Melissa, a atriz e cantora chinesa Zhao Lusi, também conhecida como Rosy, de 24 anos.
Na apresentação do balanço aos analistas, a Grendene destacou que Rosy Zhao é uma “celebridade emergente com alta retenção e lealdade de fãs para conversão de vendas devido ao fato de ter quase 25 milhões de seguidores no Weibo”, uma rede social chinesa. Ela é conhecida mundialmente por estrelar a série de romance e fantasia histórica “Ó, Meu Imperador”, entre outras produções.
O mercado doméstico ainda é a principal alavanca de receita da Grendene. Do faturamento total de R$ 657,6 milhões de janeiro a março, cerca de 75% vieram de vendas no Brasil. A exportação contribuiu com a menor fatia (25%), equivalente a R$ 162,5 milhões.
Fonte: Bloomberg Linea