Do Blog do Noblat
O que faltava para que o PSDB que governou o Brasil duas vezes atingisse o fundo enlameado do poço não falta mais: seu presidente, Bruno Araújo (PE), por falta de empenho, foi destituído do comando nacional da campanha do ex-governador de São Paulo João Doria à sucessão de Jair Bolsonaro.
O que não quer dizer que o fundo do poço não possa ficar mais embaixo. Doria foi escolhido como candidato em eleições primárias do partido onde derrotou o então governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, e o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. Os dois reconheceram sua vitória e prometeram apoiá-lo.
Virgílio ainda o apoia. Leite traiu Doria e se oferece como candidato alternativo a Lula e a Bolsonaro. Araújo, que na ocasião levantou o braço do vencedor como faz um juiz de boxe ao anunciar quem ganhou a luta, aceitou o convite de Doria para comandar sua campanha. Agora, se diz aliviado, e declara: “Ufa! Comando que nunca fiz questão de exercer.”
Se nunca fez questão de exercer, por que o aceitou? Ao aceitar, por que não se empenhou para que o candidato do partido fosse bem-sucedido? Por que se uniu ao grupo de parlamentares do PSDB ocupado em minar as chances de Doria deslanchar? Esse grupo nunca quis que o partido lançasse candidato a presidente.
Nunca quis e não quer de olho nos recursos dos fundos partidário e eleitoral que deveriam ser empregados unicamente para eleger o maior número possível de candidatos a deputados e a senadores. O que importa seria a eleição de grandes bancadas na Câmara e no Senado para vender mais caro o apoio ao próximo governo.
Por vender mais caro, entenda-se: cargos na administração pública federal, facilidade na obtenção de favores inconfessáveis, e liberação de emendas à parte visível e à secreta do Orçamento da União. De preferência, à parte secreta porque o nome dos beneficiados é preservado, e os negócios espúrios correm soltos.