(Gustavo Nogy - OAntagonista)
Alguns anos atrás, o então deputado Jair Bolsonaro, ao declarar voto favorável no processo que aprovaria o impeachment de Dilma Rousseff, achou por bem homenagear o coronel Carlos Brilhante Ustra. Não apesar de sua atuação, mas por causa dela. Não por ser injustiçado, mas por ser “o pavor de Dilma Rousseff”.
Em um país sério, em um país pelo menos razoável, ele sairia da Câmara algemado e terminaria a vida reduzido à miniatura de político que sempre foi e sempre será. Mas não. Seu desapreço pela democracia se transformou em votos, seu fetiche por violência se converteu em popularidade.
Depois de eleito, fez uma gestão desastrosa no atacado e criminosa no varejo. Coube a nós atravessar um dos momentos históricos mais terríveis dos últimos séculos em meio ao desgoverno de um arremedo de Dr. Strangelove, em versão que dificilmente seria imaginada por Stanley Kubrick.
Por que relembrar agora as excentricidades democráticas do nosso país?
Porque Romeu Zema, governador de Minas Gerais e uma das criaturas do ex-presidente, aproveitou a oportunidade que lhe deram para relativizar a ditadura militar brasileira e prometer, se eleito ao Planalto, indulto ao criador.
Zema, alfabetizado na novilíngua de George Orwell, acha que “tudo é uma questão de interpretação”, e que, por não ser historiador, e por nunca ter se aprofundado no assunto, julga-se incapaz de dizer, com alguma convicção, que o regime militar foi um regime militar. Que estado de exceção foi estado de exceção. Que tortura foi tortura.
m um país sério, em um país pelo menos razoável, ele sairia do Palácio Tiradentes humilhado e terminaria a vida reduzido à miniatura de político que sempre foi e sempre será. Mas não. Transformará seu desapreço por democracia em votos e seu fetiche por violência em popularidade. Virou um dos favoritos ao Planalto.