A Polícia Federal deflagrou nesta quarta-feira (12) a Operação Nêmesis para investigar possível embaraço à investigação em um esquema que teria envolvido o desvio de recursos públicos da covid-19 e emendas parlamentares utilizadas para o pagamento de contratos com empresas que forneceram cestas básicas. A operação foi autorizada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que expediu 24 mandados de busca e apreensão em Palmas e Santa Tereza do Tocantins.
Entre os alvos da operação estão endereços ligados ao governador afastado do Tocantins, Wanderlei Barbosa (Republicanos), que aparece nas investigações como suspeito de participação no esquema. A PF chegou a pedir sua prisão, mas o STJ negou o pedido.
As investigações se originaram na 2ª fase da Operação Fames19, deflagrada em 3 de setembro, quando a PF identificou indícios de que investigados teriam usado veículos oficiais e cargos públicos "para remover documentos e materiais de interesse", dificultando a apuração da organização criminosa.
Segundo a Polícia Federal, as diligências de hoje visam, além de recolher novas provas,interromper a destruição ou ocultação de ativos e documentos, e apurar a existência de novos envolvidos no esquema.
Na relação com o governador afastado, a PF menciona pagamentos que teriam chegado a R$ 550 mil de suposta propina a Wanderlei Barbosa, vinculados a contrato para fornecimento de frangos congelados firmado em meados de 2021, um contrato que acabou sendo executado de forma incompleta e sem quitação.
Em nota emitida em setembro, Barbosa afirmou que "jamais teve qualquer participação, direta ou indireta, na aquisição de cestas básicas durante a pandemia", e que as alegações "se apoiam unicamente em falas de terceiros" sem "prova material ou evidência concreta".
A PF acrescenta que o governo do Tocantins teria se transformado, segundo indícios, em um "verdadeiro balcão de negócios", com uso de entregas fraudulentas de insumos e documentação forjada. A Operação Nêmesis, portanto, representa um esforço para trazer à luz essa suposta rede de contratos fraudulentos, ocultação de provas e favorecimento político-empresarial.
(Congresso em Foco)