quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

OPINIÃO DE ESPECIALISTA DA SAÚDE EM NOVO SITE DO PSDB

O médico, o juiz e o interior do Ceará
A lei 8080 do Sistema Único de Saúde (SUS), esqueceu de alocar recursos financeiros para tão bonito programa. Aliás, é dado econômico que nenhum país com mais de 100 milhões de habitantes pode "dar saúde de graça a todos". A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a relação de um médico para 1.000 habitantes, mas o Estado do Ceará tem um para 1.400, só que 82% desses profissionais estão atuando na Capital. O desafio é saber como interiorizá-los.
O primeiro e principal passo seria um plano de carreira como tem o juiz, que começa a trabalhar no interior mais longínquo, mas tem a certeza que chegará à Capital. O segundo seria um salário igual ao do juiz que ganha bem para não se corromper e o médico para poder ter condições de estudar e salvar mais vidas. O terceiro e não menos importante seria a construção de hospitais e postos de saúde bem equipados.
Além disso, o médico do interior, mesmo com um bom salário, não tem à disposição um aparelho de raio-x ou simples hemograma, um aparelho de eletrocardiograma, uma ambulância equipada e leitos disponíveis em hospitais secundários.
Portanto, o profissional que paga cerca de R$ 5 mil por mês para ser estudante de um curso de Medicina na Capital não concebe ganhar menos que isso no interior para trabalhar sem condições de resolução na sua Medicina. A explicação econômica é única e não de gestão, como geralmente é passado para a população.
Diante disso, o atendimento primário não tem resolutividade, no secundário faltam vagas e o terciário apresenta uma constante superlotação. Em paralelo a essa realidade, os planos de saúde, que atendem 20% da população, gastam duas e meia vezes mais que o Sistema Único de Saúde, que atende cerca de 80% dos habitantes do País.
Em 1997, o Brasil resolveu dar saúde a todos e comprou leitos de hospitais particulares. Porém, na virada do Plano Real, 56 hospitais credenciados foram fechados e cerca de 4.900 leitos conveniados durante os oito anos de governo Lula, desativados. Daí explica-se a situação de superlotação dos hospitais públicos atualmente. Não há espaço físico que suporte.
Por Lineu Jucá
Cirurgião vascular do Instituto Dr. José Frota