Durante o primeiro depoimento
prestado à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa do
Ceará que investiga a participação de associações de militares no financiamento
de motins da PM do Ceará, o relator do colegiado, o deputado Elmano Freitas
(PT), chegou à conclusão de que a Associação dos Profissionais de
Segurança (APS) atua como braço político do grupo liderado pelo deputado
federal Capitão Wagner (UB).
O
parlamentar chegou a afirmar a existência de saques de até R$ 2,3
milhões, na boca do caixa, por essas entidades, que poderiam financiar
paralisações e candidaturas.
“Não
há dúvida em se poder afirmar que a APS é uma pessoa jurídica, braço político
de um grupo político-partidário o qual integram o deputado federal Capitão
Wagner, o deputado estadual Soldado Noelio e o vereador de Fortaleza, Sargento
Reginauro”, disse Elmano durante a oitiva de terça-feira (05).
Os
motins ocorridos no Ceará aconteceram no fim de 2011 e início de 2012, e em
2020, próximos a períodos eleitorais no Estado.
Segundo
ele, o grupo tem “a prática de sacar dinheiro na boca do caixa, que os seus
diretores abrem empresas que nunca funcionaram” e que no depoimento da
testemunha ficou evidenciado que a APS financiou o transporte de policiais para
os protestos que geraram os motins no Estado.
O presidente da APS, o
policial Cleyber Barbosa Araújo, negou em seu depoimento, na manhã desta
terça-feira (5), que a entidade tenha participado, financiado ou motivado a
paralisação de parte da Polícia Militar em 2020. A APS, segundo ele, esteve
envolvida em mesas de negociação para a melhoria das condições de trabalho dos
profissionais de segurança, mas não foi favorável a movimentos grevistas.
“Infelizmente, com a leniência do Estado, a polícia paralisou. Enquanto
policial militar e presidente da APS, eu não concordo e sou contra as
paralisações”, disse.
Ainda
de acordo com o dirigente da associação, os atos grevistas de policiais
militares tiveram início no dia 18 de fevereiro de 2020, enfatizando que tudo o
que antecedeu essa data foi legal. “Não há nenhuma ilegalidade no fato de os
militares terem frequentado esta Casa, por exemplo, com o deslocamento sendo
pago pela APS, para acompanhar a votação de uma mensagem governamental que
tratava da reestruturação salarial. Não existe nenhuma ilegalidade nesse ato”,
defendeu.
Segundo
ele, é comum a APS realizar saques em espécie para movimentar o caixa
financeiro dessas despesas diárias, relacionadas à alimentação, logística da
associação, combustível, compra e conserto de equipamentos, entre outros
gastos.
O
deputado Marcos Sobreira (PDT) foi o mais enfático dos interrogadores, depois
do relator Elmano. Sobreira insistiu nos gastos da associação com advogados e uma
despesa específica, quando a associação pagou a um advogado R$ 400 mil para
conseguir uma liminar e ela não foi conseguida.
A CPI marcou para a tarde desta quarta-feira (06), a partir das 14h30, a oitiva do vereador de Fortaleza, Sargento Reginauro, nome citado durante o depoimento desta terça (5). O parlamentar também presidiu a Associação quando dos movimentos paredistas.
(Via blog do Edson Silva)