Por André Gustavo*
O debate de ontem entre Donald Trump e Kamala Harris trouxe uma simples realidade: de um lado, um ex-presidente forte, mas um pouco irritado, incomodado, talvez preparado para lidar com Biden; e do outro lado, Kamala, que não se intimidou. À parte o conteúdo de cada candidato, o que ficou evidente é que a linguagem não verbal deu uma vantagem para ela. Isso decide a eleição americana? Não. Há outros ingredientes e fatores que vão pesar mais, porém, sem dúvida, foi importante.
Em relação aos debates, sempre destaco que nenhum candidato pode ou deve ir sem ter conteúdo, propostas e contraditório, sem estar preparado, mas a verdadeira protagonista do debate é a estratégia. É entender qual é o seu objetivo nele em relação a seus adversários e, sobretudo e mais importante, a atitude. Quando falo em atitude, falo de como se colocar e de como se contrapor também. Tenho visto inúmeros debates e são muitas as referências, a começar pela capital São Paulo, onde o conteúdo literalmente parece não ter relevância ou importância, mas não é bem assim. Erros fazem com que o conteúdo ganhe dimensão muitas vezes.
Brasil afora, é visível que os candidatos se preparam muito, mas entendem pouco do que é o debate e qual o verdadeiro papel dele, que não é o mesmo para todos. Cada um tem, dentro da sua construção de imagem, um papel a cumprir em cada debate, encontrando nele o grande diferencial, que pode fazer o eleitor consolidar o seu voto ou mudar de opinião. O debate é, sem dúvida, um espaço democrático, um embate democrático, e o pior cenário é sempre quando algum candidato se nega a participar, a debater, a apresentar suas propostas e receber os devidos elogios e críticas, sobretudo aqueles que estão no cargo e são candidatos à reeleição. Nossa jovem democracia precisa encontrar nos debates algo a ser muito valorizado.
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