A magistrada, titular da 1ª Vara da Comarca de Pacatuba, foi uma das 19 mulheres consagradas com o diploma. Reconhecida por sua atuação pela igualdade de gênero, ela pontou a importância do momento contra retrocessos na luta pelos direitos femininos.
“Hoje, já antevemos os próximos desafios, já sairemos daqui conversando sobre o que teremos e o que faremos para aquilo que nós não queremos. Esse encontro é para sairmos daqui mais empoderadas e com a convicção de que vale a pena. É falar sobre a concretização de políticas públicas pela paridade, pela não violência, pelo respeito, pelas oportunidades e sobre o combate da violência simbólica, da violência física, emocional, patrimonial”, declarou a juíza. Ela acrescentou que “ainda que canse resistir, lutamos para que outras mulheres tenham plenitude de todos os direitos e garantias previstos na Constituição Federal”.
Para além de suas próprias contribuições, a magistrada mencionou as demais homenageadas. “Jornalistas, escritoras, filantropas, políticas, referências no segmento da Justiça, arte, cultura, educação, literatura, agropecuária, medicina e empreendedorismo. Todas querem que o Brasil seja reconhecido por ser um país que executa e dialoga para com o direito de viver, se vestir e ser como quiser”.
A juíza do TJCE também enfatizou a significância de Conceição Evaristo, uma das homenageadas, que é letróloga e ativista dos movimentos de valorização da cultura negra, como referencial bibliográfico para as suas pesquisas e para a sua atuação judiciária, constantemente alvo de desconfianças e racismo. “Relembro quando Conceição Evaristo fala de que o imaginário brasileiro, pelo racismo, não consegue reconhecer que as mulheres negras são intelectuais, e sim, nós podemos ser. Quantas vezes enfrentei a discriminação, mesmo sendo uma juíza de Direito, por me colocarem em um lugar no qual não pertenço na cabeça da pessoa racista. Somos intelectuais e estudamos, pois temos, ou melhor, deveríamos ter, oportunidades tanto quanto qualquer homem”, revelou a magistrada, pontuando a ausência de mulheres no 2º Grau ou em tribunais superiores, em especial negras.
Durante o discurso, a magistrada ainda falou das contribuições de Maria da Penha, ativista cearense que luta há 40 anos contra a violência de gênero, e agradeceu a indicação para receber o diploma, que partiu da senadora Augusta Brito. Ainda falou de Antonieta de Barros, primeira mulher negra a ser eleita deputada no Brasil e homenageada in memorian na sessão.
Emocionada, a juíza Bruna dos Santos fez referência ao hino nacional em uma perspectiva otimista de transformações e agradeceu o trabalho das senadoras. “Não estamos a repetir palavras vãs, não fugimos à luta. Somos testemunhas da clava forte das nossas mulheres. As senhoras senadoras estão plantando uma semente no solo da democracia e tenho a certeza de que todas as homenageadas aqui presentes estarão atentas para regar esse solo fértil com a colheita de frutos de uma nova estação. Veremos mudanças que acontecerão e ficamos felizes por fazer parte disso”, finalizou a magistrada.