É insuficiente dizer que Braga Netto faz parte de um “golpe de militares” e não de um “golpe militar”. A tentativa de obstruir a investigação da Polícia Federal, a investida contra os termos sigilosos da delação de Mauro Cid e os indícios cada vez mais evidentes de uma ação golpista indicam uma ampla e contínua mobilização, na alta esfera do governo Bolsonaro, para romper os alicerces do Estado Democrático de Direito. Não é coisa trivial. Trata-se de um investida para restaurar um dos mais sombrios períodos da história brasileira.
Convém lembrar que mais de 20 fardados foram indiciados por envolvimento com a trama golpista. Faziam parte do plano o assassinato de altas autoridades da República, a formação de um Estado Maior para manter a ordem pública e o financiamento de grupos golpistas. No depoimento que dará à Polícia Federal, Braga Netto terá muito a explicar se quiser obter algum benefício semelhante ao do ex-ajudante de ordem de Bolsonaro.
(Por Carlos Alexandre de Souza com Eduarda Esposito)