quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

BRAGA NETTO, UM MAU MILITAR NA POLÍTICA


 prisão do general Walter Braga Netto, mais de dois anos após as eleições de 2022, mostra a extensão dos efeitos maléficos causado pela atuação política de militares em tempos democráticos, largamente incentivada por Jair Bolsonaro enquanto ocupou o Palácio do Planalto. Ministro da Defesa do ex-presidente e candidato a vice na tentativa de reeleição, o quatro estrelas avançou em muito as quatro linhas da Constituição ao atentar contra a democracia e o papel das Forças Armadas como instituições de Estado.

É insuficiente dizer que Braga Netto faz parte de um “golpe de militares” e não de um “golpe militar”. A tentativa de obstruir a investigação da Polícia Federal, a investida contra os termos sigilosos da delação de Mauro Cid e os indícios cada vez mais evidentes de uma ação golpista indicam uma ampla e contínua mobilização, na alta esfera do governo Bolsonaro, para romper os alicerces do Estado Democrático de Direito. Não é coisa trivial. Trata-se de um investida para restaurar um dos mais sombrios períodos da história brasileira.

Convém lembrar que mais de 20 fardados foram indiciados por envolvimento com a trama golpista. Faziam parte do plano o assassinato de altas autoridades da República, a formação de um Estado Maior para manter a ordem pública e o financiamento de grupos golpistas. No depoimento que dará à Polícia Federal, Braga Netto terá muito a explicar se quiser obter algum benefício semelhante ao do ex-ajudante de ordem de Bolsonaro.

(Por Carlos Alexandre de Souza com Eduarda Esposito)