quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Ex-mulher de Bolsonaro declara ao TSE ser dona de mansão que dizia alugar

 


Candidata a deputada distrital nas eleições deste ano, Ana Cristina Valle (PP), uma das ex-esposas do presidente Jair Bolsonaro, declarou ao TSE ser dona de uma mansão no Lago Sul, área nobre de Brasília.

Trata-se da mesma casa de cerca de 800 metros quadrados de área construída que ela informou ao portal Uol e à revista Veja ter alugado para morar com o filho, Jair Renan, a partir de meados de junho de 2021.

Na época, Cristina afirmou que não era a dona do imóvel. Ela disse que havia alugado a casa por R$ 8 mil por mês, valor parecido com o salário bruto de R$ 8,1 mil que ganhava como assessora da deputada Celina Leão (PP-DF).

Diferença de valores

Segundo a escritura do imóvel, o então proprietário da mansão, Geraldo Antônio Machado, tinha comprado a casa por R$ 2,9 milhões, dias antes de Cristina se mudar. Na época, corretores avaliavam a casa em R$ 3,2 milhões.

As reportagens do Uol e da Veja revelaram que, na época, o então comprador morava em uma casa modesta em Vicente Pires, cidade-satélite localizada a cerca de 30 km da propriedade.

Pouco mais de um ano depois, a ex-esposa de Bolsonaro declarou à Justiça Eleitoral que o mesmo imóvel comprado por Geraldo Machado por R$ 2,9 milhões era agora de propriedade dela e valeria R$ 829 mil.

Embora Cristina tenha declarado ao TSE ser a atual dona da mansão, o nome dela não consta nas certidões da casa registradas no 1º Ofício de Registro de Imóveis do DF, onde a matrícula do imóvel está inscrita.

Segundo os registros do cartório obtidos pela coluna, a casa atualmente continua tendo Geraldo Antônio Machado como proprietário. Procurado na terça-feira (30/8), Geraldo não respondeu.

Ana Cristina, por sua vez, disse à coluna por telefone, na tarde dessa terça, que não quer se manifestar sobre o assunto. A ex-esposa do presidente pediu para a reportagem contatar o advogado dela, que não respondeu até o momento. O espaço segue aberto.

Outros imóveis

Além da mansão no Lago Sul, a ex-mulher de Bolsonaro declarou ao TSE ter outros bens. Entre eles, uma casa em Resende (RJ), no valor de R$ 48 mil; uma sala comercial no Rio, orçada em R$ 73 mil; e um Honda HRV avaliado em R$ 62,6 mil.

Tribunal Superior Eleitoral libera consulta a local de votação para voto em trânsito

 
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) liberou a consulta ao local de votação temporário para quem pediu para votar em trânsito dentro do prazo. O serviço pode ser acessado pelo aplicativo e-Título e no portal do TSE.

A Justiça Eleitoral abriu, de julho a agosto, o prazo para qualquer eleitor pedir o voto em trânsito, ou seja: fora de seu domicílio eleitoral. Quem já sabia que não estaria em sua cidade no primeiro turno (2 de outubro) ou no segundo turno (30 de outubro) pôde pedir para votar em uma capital ou outra cidade de mais 100 mil eleitores.

Há também outros motivos para ter o voto transferido para uma seção temporária. A medida pode ser concedida a quem solicitou condições especiais para pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida, ou a policiais e bombeiros que vão trabalhar no dia da eleição e têm permissão para votar perto do local de trabalho, entre outras situações.

No aplicativo e-Título, a informação sobre a seção de votação temporária já deve aparecer na página inicial, em que aparece a versão digital do título de eleitor. Para consultar a informação na página do TSE, basta clicar em Eleitor e eleições, na barra superior do site, e depois na opção Eleições 2022. Em seguida, deve-se clicar em Consulta ao local de votação.


Fonte: Agência Brasil

Lei eleitoral abre brecha para falta de negros e mulheres em debates


 O primeiro debate presidencial das eleições de 2022 ocorreu no último domingo (28/8). Dos sete participantes, apenas duas eram mulheres. Nenhum candidato negro foi convidado para o embate promovido pela TV Bandeirantes, em parceria com o portal Uol, a Folha de S.Paulo e a TV Cultura.

O cenário gerou revolta entre postulantes que ficaram de fora do confronto. É o caso de Vera Lúcia (PSTU), Leo Pericles (UP) e Sofia Manzano (PCB), que acusam a emissora de excluir negros e não abrir espaço suficiente para mulheres. A crítica é endossada por eleitores nas redes sociais.

De acordo com a lei nº 9.504/97, que define regras eleitorais, debates promovidos por emissoras de rádio ou televisão devem assegurar a participação de candidatos cujo partido tem representação de ao menos cinco parlamentares no Congresso Nacional.

Dados coletados na página do Congresso apontam que o UP, PSTU e PCB, siglas dos candidatos que têm feito críticas nas redes, não têm representantes na Câmara ou no Senado.

Apesar da falta de parlamentares nas Casas, a participação dos candidatos poderia ter sido viabilizada. De acordo com a lei, mesmo sem representação no Congresso, o convite ao debate é facultativo, ou seja, a realização do convite é opcional às emissoras.

O número reduzido de participantes no debate é uma regra que facilita a realização dos eventos pelas emissoras, bem como contribui para que temas sejam discutidos em mais profundidade, segundo especialistas consultadas pelo Metrópoles. A questão, no entanto, lança luz à ausência de postulantes mais representativos nos grandes partidos brasileiros.

“Exclusão”

Nas redes sociais, Sofia Manzano afirmou ter sido excluída do debate e criticou a falta de preparo dos candidatos para responder questões sobre violência contra a mulher. Ela mencionou o momento em que Felipe D’Ávila (Novo) errou o nome da Lei Maria da Penha.

Procurada pelo Metrópoles a candidata lamentou não ter sido convidada, e afirmou que tem um programa de governo que é “do interesse da classe trabalhadora”. “Esse debate não representa o conjunto das alternativas que a classe trabalhadora e os brasileiros terão no momento eleitoral”, opinou Sofia.

O protesto nas redes sociais também tem sido promovido por Vera Lúcia que, antes mesmo da realização do debate, criticou a falta do convite para participação no evento. Desde sexta-feira (26/8), a candidata tem promovido a hashtag #QueroVeraNoDebate na internet.

“Dizem-se democratas, mas escolhem de antemão quem vai ter mais visibilidade nas eleições. O fato se torna ainda mais grave quando se excluem os candidatos negros. Afinal, somos um país marcado por séculos de escravidão e racismo, e esta tentativa de nos silenciar é só mais uma expressão do racismo dos ricos e poderosos. Tanto é assim, que sequer jornalistas negros estiveram presentes. “, afirmou Vera ao Metrópoles.

O candidato Leo Pericles (UP) usou as redes sociais para criticar a falta de diálogos sobre racismo e assassinato de populações negras e indígenas no debate.

Durante o confronto, os presidenciáveis não fizeram perguntas sobre questões raciais. O tema também não foi levantado pelos jornalistas que participaram do evento. Nas redes sociais, ativistas chamaram atenção, ainda, para a ausência de pessoas pretas e pardas entre os repórteres que participaram do debate.

“Não nos chamaram para os debates porque querem calar a nossa voz. A grande mídia, apesar de ser concessão pública, hoje é propriedade de meia dúzia de bilionários, os donos da ‘casa grande’, que se apavoram com a voz do povo negro e oprimido”, opinou.

Representatividade

Segundo a cientista política Marcela Machado, a “função do debate é apresentar para o eleitor, de forma isonômica, as propostas dos candidatos. Existindo a possibilidade de participação de todos os candidatos, você garante que todos tenham a oportunidade de apresentar esses projetos e permite que o eleitor escolha o que mais lhe agrada”.

Contudo, a professora da Universidade de Brasília (UnB) ressalta que a questão vai além das regras estabelecidas pela emissora.

“Deveríamos perguntar o motivo pelo qual não existem candidatos negros nas outras chapas”, argumenta. “Concordo, porém, que a regra deveria ser repensada para garantir a maior representatividade e trazer todos os candidatos ao debate, dando-lhes voz e visibilidade”.

A cientista política Camila Santos reitera que, quando se trata de um recorte de raça ou de gênero, é fundamental que haja “uma adequação dos partidos para que tenham candidatos mais representativos em termos de gênero e raça”.

O advogado Mateus Naves, especialista em direto eleitoral do escritório Duarte Garcia, Serra Netto e Terra, pontua que houve um avanço das políticas de inclusão no processo eleitoral. Ele avalia que a dinâmica dos debates do primeiro turno, em que há um maior número de candidatos, “costuma apenas possibilitar a apresentação de todos eles, e, de forma superficial, suas respectivas plataformas de governo”.

“Esse é um desafio a ser superado, principalmente nos debates de campanhas majoritárias, nos quais não há regra de percentual mínimo, de manter a atratividade e a boa dinâmica desse importante ato de campanha sem, contudo, afastar grupos já afastados dos espaços públicos institucionais”, ressalta. 

CAMPANHAS DE CANDIDATOS A FEDERAL SE CONCENTRAM NAS MÍDIAS SOCIAIS


Levantamento da Agência Câmara realizado com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) mostra que a maioria dos candidatos a deputado federal utiliza o Facebook e o Instagram para realizar a campanha em mídias sociais. Dos 10.355 candidatos que se inscreveram no TSE para disputar uma vaga na Câmara, 5.048 têm contas no Facebook, ou quase 49% do total, e 4.904 no Instagram (47%).

Outras plataformas de mídias sociais muito utilizadas pelos candidatos são o Twitter (1.402 contas ou 14% dos candidatos), o YouTube (969 canais ou 9%) e o Tiktok (900 contas ou 9%).

Desigualdades
Os dados também mostram que o acesso dos candidatos às mídias sociais apresenta desigualdades. Os candidatos brancos, mais jovens, com maior escolaridade e com maior patrimônio têm maior percentual de páginas cadastradas em mídias sociais.

Com a exceção do Instagram, todas as outras plataformas apresentam maior percentual de contas de candidaturas masculinas do que de candidatas mulheres. Divorciados, separados e casados também têm maior probabilidade de ter uma conta em mídias sociais do que solteiros e viúvos.

Ainda há diferenças de acordo com o partido do candidato. O Novo é o partido com os candidatos mais conectados nas mídias sociais: 95% têm conta no Instagram, 89% no Facebook, 69% no Twitter, 66% no Youtube e 45% no Tiktok.

Os estados com mais candidatos conectados são o Paraná, Mato Grosso e Rio Grande do Sul. Já Sergipe, Alagoas e Bahia estão entre os estados com menos contas de candidatos em mídias sociais.

O FUNDO ELEITORAL, EMBORA ELEVADO, É INSUFICIENTE PARA MUITOS CANDIDATOS


O financiamento público de campanha foi um dos temas do debate entre candidatos à Presidência da República, domingo (28), num grupo de empresas de comunicação, capitaneado pela TV Bandeirantes de São Paulo. A questão foi suscitada pelo candidato Felipe d’Avila (Novo). Ele critica o sistema de financiamento e o seu partido não recebeu os recursos do Fundo Eleitoral, como todos os demais já fizeram. Ao todo são aproximadamente R$ 5 bilhões, sem incluir a parte do dinheiro liberado mensalmente para os partidos do denominado Fundo Partidário. Para os volumes de gastos, oficiais ou não, os totais dos recursos públicos resultarão insignificantes.

O jornal o Estado de S. Paulo, em sua edição de segunda-feira (29), publica uma reportagem apontando ser as eleições deste ano a mais cara da historia das eleições brasileiras. “Mesmo sem dinheiro de empresas privadas, as eleições de 2022 devem igualar ou até ultrapassar o gasto de 2014, a disputa mais cara da história do País. Naquele ano, a maior parte das campanhas foi bancada por construtoras investigadas pela Operação Lava Jato. Agora, só haverá recursos públicos e de pessoas físicas. Mas as campanhas voltaram a ter arrecadações milionárias com o embate acirrado de grupos alinhados ao presidente Jair Bolsonaro (PL) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT)”, afirma o jornal.

Justiça Eleitoral fixou, como vem fazendo ultimamente, o limite de gastos para os candidatos aos vários cargos em disputa. Assim, para presidente da República, o máximo que um candidato pode gastar neste ano, no primeiro turno da eleição, será R$ 88.944.030,80 e no segundo turno R$ 44.472.015,40. Para os governos estaduais os valores são diferentes, dependendo do número de eleitores por cada unidade federativa. Assim, para o Ceará, o teto de gastos é de R$ 11.562.724,00 no primeiro turno. Para o segundo turno o limite é de R$ 5.781.326,00. O senador poderá gastar até R$.4.447.201,54, já o deputado federal R$ 3.176.572,33 e o deputado  estadual R$ 1.270.629.01.

A maioria dos vitoriosos, pelo sentimento extraído das conversas de candidatos reclamando do elevado custo da campanha, com as novas exigências dos chamados “vaqueiros”, antigos cabos eleitorais, nem mesmo os candidatos à reeleição, depois das liberações das suas emendas parlamentares, quase sempre trocadas por votos, gastarão só o teto fixado pela Justiça Eleitoral. Os que buscam um primeiro mandato, ou estão voltando à disputa, desembolsarão muito mais com a compra de votos. O Fundo Eleitoral, assim, servirá apenas de ajuda, substanciosa sim, para os que não têm recursos próprios e nem amigos financiadores, mas resultarão insuficientes para o sucesso eleitoral.

A influência dos espaços da Internet na campanha eleitoral, repetimos, não substituirá o peso do Poder Econômico e do Poder Político, este, representado pelas benesses governamentais distribuídas em formas de emprego temporário ou pequenas obras eleitoreiras. O dinheiro, e em quantidade substancial em alguns casos, e um pouco menos em outros, será sempre decisivo. Infelizmente, para um bom equilíbrio e lisura da campanha, esse mercado do voto não é de todo alcançado pelos representantes do Ministério Público Eleitoral, a parte responsável pela fiscalização do pleito. Ele é um subterfúgio que acumplicia os envolvidos. Ninguém, publicamente, denuncia um ao outro. E o flagrante da negociação é difícil de acontecer. Ela é feita com dinheiro em espécie.

(Via blog Edson Silva)

terça-feira, 30 de agosto de 2022

Polêmicas envolvem realização de pesquisas eleitorais no Ceará

 


Além do Invox e Ipec, o também paulista instituto Nervera fez pesquisa no Ceará. Porém, não divulgou os números da consulta que foi contratada pela consultoria Arko Advice

Uma das pesquisas registradas no TSE para divulgação a partir da última segunda-feira, 29 de agosto, foi contratada pela TV Cidade, que antes mantinha um contrato com o instituto paulista Real Big Data. Focus apurou que o grupo Cidade rompeu o acordo com o Big Data e contratou o cearense Invox Instituto de Opinião e Pesquisa Ltda, que tem sede em Fortaleza.

A última pesquisa Big Data foi divulgada há apenas oito dias, em 22 de agosto. Seus resultados mostraram o Capitão Wagner (UB) com 38% e um empate técnico entre Roberto Cláudio (PDT), com 25%, e Elmano de Freitas (PT), com 24%.

A pesquisa do Invox, cujo site está “em construção” e não mostra informações detalhadas sobre o instituto, foi contratado por 30 mil reais pelo Grupo Cidade para fazer 1.600 entrevistas.

Para efeito de comparação, o paulista instituto Ipec, que é comandado pela estatística Márcia Cavallari, ex-Ibope, cobrou R$ 98.075,26 ao Sistema Verdes Mares para realizar a pesquisa com 1.200 eleitores que será divulgada no próximo dia 1º. Em tempo: Focus apurou que o Ipec terceiriza com o Invox o seu conjunto de pesquisadores.

O Invox trabalhou na campanha de José Sarto, na disputa pela Prefeitura de Fortaleza, em 2020. Tanto que se tornou o 5º maior custo nas contas do PDT entregues à Justiça Eleitoral naquele ano. No total, segundo a prestação de contas disponibilizada pelo TSE, R$436.000 foram pagos pela campanha ao Invox.

Além das pesquisas Invox e Ipec, o também paulista instituto Nervera fez pesquisa no Ceará. Porém, não divulgou os números da consulta que foi contratada pela consultoria Arko Advice. Neste dia 30, o Paraná Pesquisas, que custeia suas próprias consultas, registrou no TSE o seu levantamento com previsão de ser divulgado no próximo dia 05.

Por que a camisa branca virou o uniforme dos políticos candidatos ao Governo do Estado do Ceará?

 


As cores sempre foram elementos essenciais na construção da identidade de uma campanha eleitoral e comunicam muito mais do que imaginamos. Tem sido comum ver os candidatos usando camisa branca, substituindo as cores dos partidos respectivos.   

Na última semana, os três candidatos que lideram as pesquisas de intenção de votos ao Governo do Ceará - Capitão Wagner (União Brasil), Elmano Freitas (PT) e Roberto Cláudio (PDT) - optaram pela cor branca em entrevistas à TV Diário e Rádio Verdes Mares.  

Porém, o que explica a escolha do branco em eventos e entrevistas? A consultora de estilo e imagem pessoal, Mariella Fassanaro, explica que essa cor remete à pacificação, à delicadeza e leveza conforme a teoria da psicologia das cores. Além disso, é uma forma simbólica de tentar se distanciar da noção de polarização extrema.  

Contudo, o branco não traz só estética positiva e, conforme Mariella, o excesso de limpeza, esterilização e pureza podem conduzir à ideia de perfeccionismo, criando certo distanciamento com o eleitor.  

O QUE CADA COR TRANSMITE 

Tendo como referência as cores principais utilizadas pelos partidos dos candidatos citados na matéria (azul, vermelho e amarelo), saiba o que cada uma transmite, de acordo com a consultora de estilo: 

  • Azul: é a cor da confiança, da calmaria, da harmonia. É a cor associada a coisas grandiosas e permanentes (basta pensar no céu e no mar), que geram ideia de solidez, de estabilidade. 
  • Vermelho: é a cor da força, da vitalidade, da coragem, da paixão. Quem veste vermelho, é ousado, destemido, vibrante, vigoroso. O vermelho político é a cor dos trabalhadores, das causas coletivas e sociais.  
  • Amarelo: é a cor associada ao sol, à luz, ao ouro, o que leva à ideia de energia e riqueza, prosperidade. Também tem um viés forte de otimismo, serve a revigorar, sugere atividade, movimento. É a cor da iluminação. 

COMO AS CORES COMUNICAM  

O consultor em marketing político, Darlan Campos, explica que as cores auxiliam na identificação de determinado candidato, assim as cores mais quentes, como o laranja e o vermelho, são associadas a partidos mais progressistas, já as cores mais frias, a exemplo do azul, são mais usadas por candidaturas de centro, de direita.  

Para Mariella, essa repetição transmite com clareza os ideais e propostas, além de que toda escolha no marketing é intencional. “A moda é o espírito do tempo, então certamente honra cada momento histórico a partir da indumentária dos povos”. 

“Aqui, a camisa amarela da seleção brasileira de futebol foi repetidas vezes símbolo para um dos polos políticos. Já conteúdos digitais como memes, comunicar que "o voto é secreto" ao estar vestido nas cores que representam sua escolha partidária, por exemplo, é um jeito de se expressar sem ser literal”, acrescenta Mariella. 

Por isso, Darlan destaca a importância de se ter uma estratégia bem definida para que esses elementos possam ser aplicados e beneficiem o candidato. “Com a estratégia definida, se pensa em como atingir o objetivo pra dar conexão com o eleitor. O uso das cores, dos elementos, etc, é o desdobramento da estratégia”.  

SOBRAL CONQUISTA 1º LUGAR NO NORTE E NORDESTE NOS INDICADORES DA ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE DO PREVINE BRASIL

O município de Sobral obteve o primeiro lugar nos indicadores do Índice Sintético Final (ISF) do Previne Brasil do Norte e Nordeste e o terceiro lugar no ranking entre as cidades de 100 a 500 mil habitantes. O programa do Ministério da Saúde serve como parâmetro para o financiamento das ações na área de Aten


ção Básica a partir de sete indicadores estabelecidos.

Diante do resultado, a Secretaria da Saúde recebeu, na semana passada, uma comitiva do Ministério da Saúde, liderada pelo Secretário Nacional da Atenção Primária à Saúde, Raphael Câmara, para conhecer de perto as estratégias de trabalho das cidades que atingiram os melhores índices.

“Viemos aqui para parabenizar todos os profissionais da saúde e gestores da região, mas também para entendermos as estratégias que levam Sobral a esse lugar e com isso capitalizar essas estratégias para todo o Brasil”, disse o secretário.

Acompanhados pela gerente da Atenção Primária à Saúde (APS) de Sobral, Rogeriany Lopes, os visitantes conheceram as estratégias utilizadas no município para atingir os bons resultados. O período de análise dos dados refere-se ao 1º quadrimestre de 2022, nos meses de janeiro, fevereiro, março e abril.

A coordenadora da APS, Larisse Araújo, ressalta o trabalho das equipes para atingir os indicadores. “A gente tem a equipe completa, temos 100% de cobertura e isso ajuda bastante. Nossa equipe de saúde bucal tem 92% de cobertura, o que ajuda bastante na avaliação odontológica. Nossas reuniões semanais com todos os gerentes que administram o trabalho, o fazer do profissional lá da ponta, isso tudo fez a diferença no nosso indicador”.

DIREÇÃO APRESENTA NOVOS GESTORES DO HOSPITAL DO CORAÇÃO DE SOBRAL


A direção do Hospital do Coração de Sobral anunciou nesta segunda-feira (29/08) o médico cardiologista Dr. Vicente Pontes Carvalho Júnior como novo diretor técnico da Instituição. O anúncio foi realizado durante a reunião matinal com a presença de todos os coordenadores. Participaram do momento o diretor-geral do Complexo Santa Casa de Misericórdia de Sobral, Klebson Carvalho, o diretor de enfermagem do Hospital do Coração de Sobral, Aristides Siqueira e o coordenador do serviço de Gestão da Qualidade, Kairo Cardoso.

Na ocasião ainda foram anunciadas as enfermeiras Joara Melo e Rianelly Portela; e o enfermeiro Elias Farias como novos gestores do serviço de Hemodinâmica, Unidades de Internação e Unidade Coronariana, respectivamente.

“Os novos gestores já estão alinhados à nossa missão de proporcionar uma assistência de qualidade, com segurança e humanização para todos os nossos pacientes. Seguiremos com o mesmo propósito, cuidando e salvando vidas”, destacou Klebson.

CANDIDATOS A GOVERNADOR DO CEARÁ FALAM DE SEGURANÇA, SAÚDE E ALFINETAM PADRINHOS POLÍTICOS EM DEBATE


O primeiro debate entre os candidatos ao Governo do Ceará, realizado nesta segunda-feira (29), foi marcado por embates diretos entre o deputado estadual Elmano de Freitas (PT), o deputado federal Capitão Wagner (União) e o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio (PDT). Temas como segurança e saúde foram os que mais dividiram os postulantes no encontro promovido pela TV Cidade.

Os assuntos ainda foram tomados para embasar críticas diretas entre os candidatos e também aos padrinhos políticos dos postulantes. Lideranças políticas como o ex-presidente Lula (PT), o ex-governador Camilo Santana (PT), o atual presidente Jair Bolsonaro (PL), o prefeito de Fortaleza, José Sarto (PDT), e a ex-prefeita da Capital Luizianne Lins (PT) foram lembrados na discussão como forma de “atacar” adversários.


SEGURANÇA

O assunto segurança dominou boa parte do debate. Umas das ênfases foi o combate às facções e ao crime organizado, e as propostas que podem enfrentar essa realidade. Wagner voltou a mencionar a promessa de implantação de um escritório de inteligência policial no Ceará em parceria com o FBI e a Polícia Federal. Esta proposta foi alvo de questionamentos e críticas dos demais candidatos. 

Em paralelo, Roberto Cláudio e Elmano  questionaram a proposta do FBI. Em crítica direta, Roberto Cláudio enfatizou que a ideia “é uma fantasia, uma ilusão”, e acrescentou que, se eleito, ele fará 14 delegacias regionais e irá transformar a Delegacia de Combate às Ações Criminosas Organizadas (Draco) em um Departamento de Inteligência. 

Já Elmano problematizou a participação do agente do FBI na propaganda de Wagner, que retrucou enfatizando a importância do agente, dizendo que o mesmo ajudou na captura de Sandam Hussein. Na área da segurança, Elmano reforçou que deseja ampliar o Raio, e a inteligência na polícia, e ressaltou a necessidade de unir esforços com o Governo Federal. 

Tanto Elmano como Roberto Cláudio em momentos distintos, ao abordar a segurança, também chegaram a mencionar que Wagner teria participado do motim da PM em 2020 no Ceará. No debate, Wagner não respondeu às falas sobre esse ponto especificamente. 

SAÚDE

Outro ponto de destaque na campanha e que predominou no debate são as propostas para a saúde. Nesse tópico a interiorização das ações de saúde foi ponto de questionamentos e argumentos.  

Roberto Cláudio reiterou a ideia de criação de cinco hospitais para o tratamento do câncer no interior do Estado, enquanto Elmano defendeu que, se eleito, as estruturas já existentes dos hospitais regionais serão usadas também para essa finalidade. “O irmão de Quixelô e Iguatu tem que vir para cá (Fortaleza) tentar um diagnóstico. Muitos morrem. Quero também fazer um programa para colocar o médico nos postos de saúde, o Mais Medico Ceará”, detalhou Roberto. 

Wagner e Roberto Cláudio também enfatizaram que o Hospital de Quixeramobim e o Limoeiro não funcionam plenamente. Wagner, como proposta, afirmou que pretende implantar a telemedicina “para que o paciente possa se consultar com vários especialistas do Ceará. O que mata não é a doença, é a falta de acesso”, argumentou. Em relação à saúde mental, o candidato destacou que pretende implementar em todos os Hospitais Regionais atendimento pediátrico e mental.

PADRINHOS POLÍTICOS

A influência de padrinhos políticos na campanha foi um tema explorado pelos três candidatos. Elmano, por exemplo, acusou Wagner de querer “esconder” que é aliado de Jair Bolsonaro. O mesmo ataque foi feito por Roberto Cláudio, que ainda citou a gestão da ex-prefeita Luizianne Lins para atacar o petista. Já o pedetista foi acusado de ser “ingrato” por criticar a gestão do ex-governador Camilo Santana, de quem era aliado. Wagner, por outro lado, apontou que os dois adversários têm padrinhos políticos.

“Queria lamentar a obsessão que ele tem com minha amiga Luizianne Lins. Os Cucas, o Hospital da Mulher, o fardamento escolar, a tarifa social, tudo foi a Luizianne quem fez. Esse mesmo olhar ele não tem para o Sarto, são dois pesos e duas medidas (...) Não tenho padrinho político, tenho irmãos de projeto para mudar o Brasil”, disse Elmano. Entre os “irmãos de projeto”, ele citou Lula, Camilo e a atual governadora Izolda Cela (sem partido). 

Já Wagner rebateu os dois adversários, mas concentrou as críticas contra Roberto Cláudio. “Quero repudiar a violência política de gênero contra Luizianne Lins e contra a atual governadora Izolda Cela, que não teve direito de concorrer à reeleição", disse. “Fico feliz com a mudança de posicionamento de vocês, que estiveram no Governo por 16 anos para mudar essa realidade e não fizeram”, acrescentou.


EDUCAÇÃO

Uma das principais bandeiras do grupo governista, o tema educação também dividiu os candidatos. Em meio a críticas entre os postulantes à atual gestão e a governos anteriores, os três concorrentes apresentaram suas propostas para o setor e comentaram sobre o pagamento dos precatórios do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) aos professores.

“Queria olhar para os professores e garantir o pagamento dos precatórios do Fundeb. Olhar também para os técnicos das escolas profissionalizantes, que são tratados de forma desigual, e dizer que eles terão os mesmos direitos (...) Pais dos alunos sonham com seus filhos estudando em escolas militares, vamos ampliar (...) Também teremos uma parceria com o IFCE para capacitar 50 mil jovens”, disse Wagner.

Já Elmano criticou a gestão de Roberto Cláudio na Prefeitura de Fortaleza. “Não pagou os precatórios dos professores. Eu já aprovei a lei que vai pagar os precatórios aos professores do Estado, diferente de Fortaleza, e garantimos que 60% dos recursos só poderão ser usados para os professores”, disse. “Já conseguimos 60% das escolas em tempo integral e vamos chegar a 100%. Também quero ampliar os centros de idiomas”, prometeu.

Roberto Cláudio respondeu às críticas citando a experiência como prefeito. “Quero apoiar os municípios a implantar o tempo integral no ensino fundamental e ser uma saída para a educação e para a segurança, é promoção de paz, quero fazer uma grande rede estadual de capacitação do jovem para o trabalho, uma promoção de programação e robótica para capacitar os jovens”, concluiu.

(Diário do Nordeste)

METADE DO PATRIMÔNIO DO CLÃ BOLSONARO FOI COMPRADA EM DINHEIRO VIVO


Quase metade do patrimônio em imóveis do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e de seus familiares mais próximos foi construída nas últimas três décadas com uso de dinheiro em espécie, de acordo com levantamento patrimonial realizado pelo UOL.

Desde os anos 1990 até os dias atuais, o presidente, irmãos e filhos negociaram 107 imóveis, dos quais pelo menos 51 foram adquiridos total ou parcialmente com uso de dinheiro vivo, segundo declaração dos próprios integrantes do clã.

As compras registradas nos cartórios com o modo de pagamento “em moeda corrente nacional”, expressão padronizada para repasses em espécie, totalizaram R$ 13,5 milhões. Em valores corrigidos pelo IPCA, este montante equivale, nos dias atuais, a R$ 25,6 milhões.

Não é possível saber a forma de pagamento de 26 imóveis, que somaram pagamentos de R$ 986 mil (ou R$ 1,99 milhão em valores corrigidos) porque esta informação não consta nos documentos de compra e venda. Transações por meio de cheque ou transferência bancária envolveram 30 imóveis, totalizando R$ 13,4 milhões (ou R$ 17,9 milhões corrigidos pelo IPCA).

Ao menos 25 deles foram comprados em situações que suscitaram investigações do Ministério Público do Rio e do Distrito Federal. Neste grupo, estão aquisições e vendas feitas pelo núcleo do presidente, seus filhos e suas ex-mulheres não necessariamente com o uso de dinheiro vivo, mas que se tornaram objeto de apurações como, por exemplo, no caso das “rachadinhas” (apropriação ilegal de salários de funcionários de gabinetes).

Por meio de sua assessoria, o UOL perguntou ao presidente Jair Bolsonaro qual a razão da preferência da família pelas transações em dinheiro, mas ele não se manifestou.

O levantamento considera o patrimônio construído no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Brasília pelo presidente, seus três filhos mais velhos, mãe, cinco irmãos e duas ex-mulheres.

Nos últimos sete meses, a reportagem consultou 1.105 páginas de 270 documentos requeridos a cartórios de imóveis e registros de escritura em 16 municípios, 14 deles no estado de São Paulo. Percorreu pessoalmente 12 cidades para checar endereços e a destinação dada aos imóveis, além de consultar processos judiciais.

Até a mãe de Bolsonaro, Olinda, falecida em janeiro deste ano, aos 94 anos, teve os dois únicos imóveis adquiridos em seu nome quitados em espécie, em 2008 e 2009, em Miracatu, no interior de São Paulo. Entre os imóveis comprados com dinheiro vivo pela família, estão lojas, terrenos e casas diversas.

Atualmente o Senado Federal discute projeto de lei que sugere a proibição do uso de dinheiro em espécie para transações imobiliárias, como forma de prevenir operações de lavagem de dinheiro ou ocultação de patrimônio.

Patrimônio em expansão

Desde a chegada de Bolsonaro à política como parlamentar, no início dos anos 1990, o patrimônio se multiplicou em seus diferentes núcleos familiares —tanto o que abarca seus filhos, no Rio e em Brasília, como aquele que envolve seus irmãos, no interior de São Paulo, em especial em cidades do Vale do Ribeira, região mais pobre do estado.

Até o fim dos anos 90, o gasto com imóveis somava R$ 567,5 mil (R$ 1,9 milhão em valores atualizados). Os 56 endereços que seguem registrados, nos dias atuais, em nome da família custaram R$ 18,8 milhões (ou R$ 26,2 milhões, corrigidos pelo IPCA).

Desde 2018, os filhos Flávio e Carlos Bolsonaro, além de Ana Cristina Siqueira Valle, segunda mulher de Jair Bolsonaro, são investigados por suspeita de envolvimento com o repasse ilegal de salários dos funcionários de gabinetes. Os assessores, grande parte funcionários fantasmas, sacavam em espécie os salários e entregavam a operadores cerca de 90% do total recebido.

As investigações sobre Flávio no MP-RJ (Ministério Público do Rio de Janeiro) descobriram que, posteriormente, esses valores eram “lavados” com compras de imóveis. Parte de provas produzidas durante a apuração foram anuladas recentemente, mas as investigações continuam em curso. No caso de Carlos, o sigilo bancário foi quebrado por indícios semelhantes.

No ano passado, uma série de reportagens do UOL revelou que quatro funcionários do gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro sacaram mais de 72% dos salários em espécie.

Meses depois, o podcast do UOL “A Vida Secreta de Jair” revelou uma gravação em que Andrea Siqueira Valle, irmã de Ana Cristina, ex-mulher de Bolsonaro, diz que Bolsonaro sabia do esquema e demitiu o então cunhado, André, por não entregar o salário.

“O André deu muito problema porque ele nunca devolveu o dinheiro certo que tinha que ser devolvido, entendeu? Tinha que devolver R$ 6.000, ele devolvia R$ 2.000, R$ 3.000. Foi um tempão assim até que o Jair pegou e falou: ‘Chega. Pode tirar ele porque ele nunca me devolve o dinheiro certo’, dizia Andrea na gravação.

Família paulista

No ramo paulista, a irmã mais rica de Bolsonaro é Maria Denise Bolsonaro, que construiu com o marido José Orestes Fonseca um império de lojas de móveis, eletrodomésticos e miudezas no Vale do Ribeira nos últimos anos.

Eles se casaram em 1980, sob o regime de comunhão universal. Atualmente os dois vivem separados, mas ainda brigam pela divisão de patrimônio. Pela lei, enquanto a disputa não se encerrar, os bens seguem pertencendo ao casal.

A disputa entre os dois envolve quase uma dezena de lojas, uma casa de veraneio à beira-mar em Cananéia, no litoral sul paulistano, com lancha e jet-ski, e duas mansões localizadas dentro de uma área de mais de 20 mil metros quadrados no centro de Cajati, no Vale do Ribeira, também compradas com dinheiro em espécie.

Todos os imóveis do casal guardam uma particularidade: trazem nos azulejos de fachada ou até mesmo no telhado as cores azuis, marca registrada da rede que administravam em conjunto, conhecida como Campos Mais.

A empresa foi inaugurada em 1997 e, inicialmente, era uma sociedade de Orestes Bolsonaro Campos, filho de Maria Denise e José Orestes, ainda criança, com Theodoro Konesuk, o marido de Vânia Bolsonaro, outra irmã do presidente.

No início dos anos 2000, devido a uma desavença entre José Orestes e Theodoro, a sociedade foi desfeita. A reportagem apurou que eles não se falam até hoje.

Theodoro fundou com Vânia uma nova rede de lojas, na mesma área de atuação, chamada Art’s Móveis.

Enquanto as lojas da Campos Mais são identificadas com as cores azul e branco, as lojas Art’s Móveis têm fachadas nas cores vermelho e branco.

O patrimônio de Orestes e Maria Denise mistura bens que estão registrados ora em nome deles, como pessoa física, ora em nome da empresa.

Em nome da mãe

Professora aposentada e viúva, em 2008, a mãe do presidente, Olinda Bonturi Bolsonaro, então com 81 anos, vivia entre as casas de suas filhas, espalhadas por municípios do interior de São Paulo, entre eles Eldorado, cidade onde Jair viveu até a juventude. Elas dividiam entre si os cuidados e os custos com cuidadores para Olinda, que seria diagnosticada futuramente com a doença de Parkinson.

Mas, em janeiro de 2008, Olinda assinou uma transação imobiliária que nada tinha a ver com sua rotina: a compra de um terreno em área comercial, de 451 m², na avenida principal de Miracatu, por R$ 35 mil (o equivalente a R$ 82,7 mil, segundo o IPCA).

Em maio do ano seguinte, ela registraria a compra do terreno vizinho, com 461 m², por R$ 80 mil (R$ 174,6 mil, atualizados). As duas compras foram realizadas com dinheiro em espécie.

Os imóveis não eram investimentos da mãe do presidente – na verdade foram comprados para abrigar uma loja de móveis e miudezas fundada pelo filho Renato Bolsonaro, irmão do presidente, e tocada por uma das netas de dona Olinda e filha de Renato, Vitória Leite Bolsonaro. Ainda hoje, o endereço é a sede da Vivi Móveis, empresa de Renato que leva o nome da filha e que se expandiu por duas cidades da região.

Em 2011, aos 84 anos, dona Olinda se desfez oficialmente dos dois imóveis. Mas não recebeu um tostão: ela os doou a outro neto, Luiz Paulo Leite Bolsonaro. Luiz também é filho de Renato Bolsonaro, irmão de Vitória. Atualmente ele é oficial da Polícia Militar em Goiás.

Ao ser perguntada sobre a razão da avó ter se envolvido com a compra do imóvel, Vitória pediu ao UOL que contatasse sua advogada. “Os imóveis foram adquiridos pela mãe do presidente da República, que já faleceu e não pode prestar esclarecimentos hoje. Posso garantir que foram adquiridos de forma legal”, disse a advogada Silvia Brunatti.

Ela preferiu não detalhar as circunstâncias que envolveram a compra dos imóveis, por se tratar de “assunto de família e de cunho particular”. “A doação foi feita de maneira legal, justa, honesta, dentro do direito que é assegurado a toda pessoa civil e capaz”, afirmou.

Quem vendeu o imóvel à família conta outra história. “Eu já estava com o terreno vendido, mas o Renato soube e me procurou. Eu nem sei em nome de quem a venda foi registrada, mas foi uma venda feita para ele mesmo”, conta Onisvaldo da Costa Ribeiro, de 76 anos, antigo dono.

Bento Ribeiro

Em 2006, Renato já havia participado de uma transação de imóvel com dinheiro em espécie, envolvendo diretamente o presidente Bolsonaro.

Jair comprou do irmão o imóvel em que funciona seu escritório político no Rio, uma casa no bairro de Bento Ribeiro, no Rio de Janeiro, por R$ 40 mil. O valor também foi quitado em espécie.

Este é um dos cinco imóveis que Jair Bolsonaro adquiriu ao longo de sua trajetória política pagando em dinheiro vivo. Procurado pelo UOL, Renato não quis se manifestar.

Em 2016, uma reportagem do SBT mostrou que Renato, embora nomeado como assessor especial parlamentar na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), não aparecia para trabalhar. Após a revelação, ele acabou exonerado.

Prevenção à lavagem de dinheiro

O Senado Federal discute projeto de lei que sugere a proibição do uso de dinheiro em espécie para transações imobiliárias, como forma de prevenir operações de lavagem de dinheiro ou ocultação de patrimônio.

O texto foi aprovado no ano passado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), mas aguarda há quase um ano a designação de relator para que tramite na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania.

Desde fevereiro de 2020, cartórios estão obrigados a comunicar ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) como “movimentação atípica” transações abaixo do valor de avaliação para cálculo do ITBI ou em espécie.

Os imóveis analisados no levantamento do UOL foram adquiridos antes disso —a última compra de dinheiro vivo por membros da família ocorreu em 2018.

A determinação da comunicação dos cartórios ao Coaf foi feita pela Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), com forma de estabelecer mais uma ferramenta de prevenção à lavagem de dinheiro.