domingo, 30 de setembro de 2012

UMA RELEXÃO SOBRE O DESCRÉDITO NA ESPERANÇA

Da coluna Menu Político, no O POVO deste domingo (30), pelo jornalista Luiz Henrique Campos:
A uma semana das eleições, muita coisa ainda pode mudar até o dia do voto, principalmente ao levarmos em conta que grande parte dos eleitores deixa para definir a sua opção nos últimos dias. A julgar pelo que estamos vendo hoje, porém, é difícil a situação do Partido dos Trabalhadores (PT) nas capitais. Para quem tem a presidente Dilma, com avaliação lá em cima, e um cabo eleitoral como o ex-presidente Lula, estar nesse momento enfrentando sérias dificuldades para, pelo menos, ir à disputa do segundo turno em grandes cidades, trata-se no mínimo de quadro preocupante e que deve merecer avaliação profunda dos dirigentes da legenda, passado o período eleitoral. Atualmente administrando sete capitais, com base nas pesquisas recentes de intenção de voto, o PT está no páreo, com muito esforço, para brigar em seis, correndo sérios riscos de perder.
Pode-se argumentar que os problemas municipais são próprios e deslocados das questões políticas nacionais. É fato. Sem contar que os problemas urbanos atingem indistintamente gestões dos mais variados matizes ideológicos do País. Mas achar que isso pode explicar a situação vivida pelo PT nas capitais é querer tapar o sol com a peneira. Primeiro porque o Partido dos Trabalhadores sempre se vangloriou do seu famoso “modo petista de governar”, como diferencial em relação a administrações tendo a frente outras legendas. Foi assim com Porto Alegre, Recife, São Paulo, só para citar as mais emblemáticas e importantes já geridas pela legenda. Coincidentemente, nesses três lugares, a situação não está fácil para a estrela vermelha.
Ainda em relação ao modo petista de governar nas capitais, o PT mesmo parece querer estar fugindo da discussão sobre os resultados desse modelo, quando joga todas as fichas na eleição de seus candidatos na popularidade de Lula. Ora, o que é isso, se não contrariar a gênese do partido, que sempre foi fugir do personalismo e apostar na conscientização do eleitor a partir de questões programáticas? Assim, a legenda não só legitima o voto de cabresto, contra o qual sempre lutou, como se iguala aos adversários contra os quais combateu em toda a sua trajetória. O que tem a mostrar, por exemplo, as administrações petistas, que não a figura do ex-presidente pedindo voto se utilizando de argumentos até questionáveis, para não dizer outra coisa?
Infelizmente, a cada ano, o PT caminha para se igualar em método e forma a seus adversários. Para quem já foi o depositário de esperanças de uma geração na mudança de um modelo político viciado para uma nova visão nesse campo, é preocupante a situação atual vivida pelo Partido dos Trabalhadores. Principalmente, quando se vê que não há no País partidos fortes que possam conduzir o debate estratégico com vistas a levar o Brasil ao patamar de avanço pelo qual tantos lutaram e acharam ser possível.