Quinze dias após cancelar visita
a Pernambuco, a presidente Dilma volta ao Nordeste. Passa o dia, hoje, na
Paraíba, Estado administrado pelo socialista Ricardo Coutinho, do mesmo partido
do governador Eduardo Campos. A passagem de Dilma pelo vizinho
Estado tem o propósito de neutralizar o crescimento da candidatura de Eduardo.
O Palácio nega, mas a pauta confirma. A agenda da presidente em João Pessoa não
abriu espaços para atos com o governador. Ela inaugura obras da Prefeitura,
comandada por um petista, sem a presença do governador, que irá apenas
recepcioná-la no aeroporto. Na parte da tarde, Dilma estará em Campina Grande
para vistoriar uma obra federal e depois almoça na chácara de Enivaldo Ribeiro,
pai do ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro (PP). Uma agenda, portanto, sem nada
que efetivamente envolva o governador paraibano. Isso respinga, naturalmente,
em Eduardo. Ricardo Coutinho, além de ser do PSB, tem relação próxima com o
governador pernambucano. Na semana passada, Dilma recebeu
em Palácio o governador do Ceará, Cid Gomes, da corrente socialista contrária a
uma provável candidatura de Eduardo a presidente, com quem discutiu uma
estratégia para isolar o presidente do PSB e evitar que sua candidatura se
propague no Nordeste. O roteiro pela Paraíba, desprestigiando
o PSB e enchendo a bola do prefeito petista de João Pessoa, é uma demonstração
muito clara de que Dilma segue orientações do ex-presidente Lula para recuperar
o terreno do PT perdido no Nordeste para o PSB. E, consequentemente, minar
qualquer chance da candidatura de Eduardo ao Palácio do Planalto crescer a
partir do Nordeste pelos Estados governados pelo PSB. (Coluna do Magno Martins)