quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

ANO ELEITORAL: UM RECORDE DEMOCRÁTICO

FERNANDO RODRIGUES
O Brasil terá neste ano sua sétima eleição presidencial direta consecutiva. O vencedor tomará posse em 1º de janeiro de 2015. Quando a cerimônia for realizada, será um fato histórico inédito.
O Brasil nunca teve sete eleições presidenciais diretas consecutivas com a posse do eleito. Isso poderia ter ocorrido em 1918, mas Rodrigues Alves contraiu gripe espanhola e morreu antes de assumir.
Depois de 1918, houve poucas eleições até o golpe de 1930, que instalou Getúlio Vargas por 15 anos no poder. Passado o varguismo, o Brasil teve um espasmo democrático, de 1945 a 1964, com apenas quatro disputas diretas. Em seguida, vieram os 21 anos da ditadura militar.
Pelo seu ineditismo, a disputa de outubro é um marco a ser comemorado. Por coincidência, há outra efeméride correlata no próximo dia 25, aniversário dos 30 anos do comício pelas eleições diretas realizado na praça da Sé, em São Paulo.
Já havia manifestações pelo país desde 1983. Só que a de 25 de janeiro de 1984 teve um público mais encorpado. Na manchete da Folha no dia seguinte: '300 mil nas ruas pelas diretas'. O número estava um pouco exagerado, mas certamente era o maior comício em muitos anos --num país que ainda vivia os estertores da ditadura militar.
O desejo de milhões de brasileiros foi frustrado naquela época. A emenda constitucional das eleições diretas não foi aprovada pelo Congresso. Mas a semente definitiva da democracia local brotou naqueles comícios. Uma geração de cidadãos aprendeu a ir para as ruas e a protestar gritando 'Diretas-Já!'.
Daqui a 12 meses, o recorde democrático na posse presidencial estará, em grande parte, realizando o sonho de todos aqueles que estiveram nas praças protestando há 30 anos.(*Folha de S.Paulo)