Sobral, referência histórica, cultural e educacional do Ceará, não teve nenhum representante reconhecido este ano — cenário que reforça a perda gradual de visibilidade das tradições, saberes e mestres populares do município. Enquanto regiões como Cariri, Sertão Central e Litoral Leste seguem ocupando espaço, o Noroeste, especialmente Sobral, vê seu patrimônio imaterial minguar sem políticas consistentes de fortalecimento, promoção e inscrição de fazedores de cultura em editais e certificações.
O reconhecimento reafirma o compromisso da Uece e da Secult com a valorização de saberes tradicionais, mas também escancara que se Sobral não aparece, é porque seus mestres não estão sendo buscados, mapeados ou apoiados pelo poder público local.
É urgente que Sobral reencontre seus próprios Tesouros Vivos, antes que os últimos guardiões da memória popular desapareçam sem que a cidade lhes conceda o devido reconhecimento.
Receberão a titulação da Secult Ceará e a Certificação de Notório Saber da Uece:
- Antônio Jader Pereira dos Santos – Dim Brinquedim (Camocim – artesão);
- Francisco Ferreira Neres – Mestre Chico Emília (Quixadá – reisado de caretas);
- Jorge Luiz Natalense de Souza – Jorge Negrão (Fortaleza – capoeira);
- José Antônio da Silva – Mestre Chico (Juazeiro do Norte – luthier);
- José Lourenço Gonzaga – José Lourenço (Juazeiro do Norte – xilogravura).
- Maria Beatriz Andrade da Cunha – Dona Bia (Aracati – labirinto);
- Maria Cleide dos Santos Costa – Cleide Costa (Aquiraz – renda de bilro);
- Maria do Socorro Fernandes Castro – Mestra Socorro (Baturité – dança);
- Maria José Luna de Oliveira – Mestra Mazé (Crato – reisado);
- Maria Lúcia Pereira – Lúcia Doceira (Assaré – doceira);
- Raimunda Ana da Silva – Mestra Dinha (Nova Olinda – tecelagem);
- Tarcísio Mendes da Silva – Mestre Tarcísio (Juazeiro do Norte – reisado).