Novo comando tucano sinaliza apoio condicionado a Tarcísio em 2026 e empurra a direita para um rearranjo que impacta o tabuleiro cearense.
A posse de Aécio Neves na presidência nacional do PSDB recoloca o partido no centro do debate sucessório de 2026 e cria um movimento de impacto direto no Ceará. Ao admitir a possibilidade de apoiar Tarcísio de Freitas, desde que ele não seja apenas o candidato de Bolsonaro, o tucano acena para uma recomposição política que, do ponto de vista ideológico, recoloca o PSDB numa posição parecida com o quadro que elegeu FHC em 1994.
Nesse cenário, Ciro Gomes, recém-filiado ao PSDB no Ceará, ganha oxigênio. Se Tarcísio, caso candidato a presidente, buscar um discurso mais amplo e menos identitário, a caminhada de Ciro no Ceará caminhara em trilha menos pedregosa na sua aliança com a direita local.
O plano tucano
- eleger 30 deputados federais em 2026,
- recolocar o PSDB no tabuleiro,
- e romper com os extremos, segundo Aécio.
No mesmo discurso, Aécio se disse “injustiçado” pela Lava Jato e reafirmou oposição ao PT exatamente enquanto o PSDB tenta se apresentar como antídoto à polarização.
Como isso mexe com o Ceará
A sinalização de Aécio ajuda Ciro porque:
- abre o PSDB ao diálogo com Tarcísio, afastando-o do bolsonarismo puro-sangue;
- cria zona de influência para atores não alinhados a extremos, onde Ciro costuma operar;
- dá a Ciro um partido que volta a se mover, depois de anos de paralisia.
- E, principalmente, em eventual candidatura de Ciro no Ceará, permite um palanque com cara de centro-direita desvinculado do bolsonarismo. Atentem que Ciro ficou calado diante da prisão de Bolsonaro, fato que incomoda aos bolsonaristas mais radicais.
Se Tarcísio moderar seu discurso para conquistar o apoio tucano, o arranjo nacional tende a se refletir nos estados. Por óbvio, cai como uma luva para a oposição no Ceará.
(Focus)