Quando o
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ayres Britto, classificou em entrevista ao iG em 24 de abril deste ano
que o julgamento do mensalão será incomum e insólito, ele não
utilizava apenas uma mera “força de expressão”. Os dados relacionados ao caso
que entra na pauta do Supremo a partir do dia 2 de agosto mostram que o
mensalão será o julgamento mais longo e com os números mais expressivos da
história do STF.
Ao todo,
cada um dos 38 réus responderá por uma média de dois crimes e meio. No final
das contas, o STF vai se debruçar sobre a existência de até 1.089 crimes e
depois discutir até 1.089 sentenças diferentes. Serão até 2.178 discussões
diretas sobre os réus do mensalão. A quantidade de peças deste processo também
impressiona: 300 volumes e cerca de 50 mil páginas. Nos autos, foram ouvidas
aproximadamente de 600 testemunhas.
Cada defesa (que pode contar com
um ou mais advogados) terá uma hora para fazer sua sustentação oral. Serão 38
horas de defesa, quase oito sessões inteiras do Supremo apenas para as
alegações dos advogados. Somente para efeito de comparação, todo o julgamento
do caso Collor, considerado um dos mais longos nos últimos 20 anos, durou
quatro sessões. Metade do tempo que será destinado aos advogados dos réus do
mensalão.