DO BLOG DE RICARDO KOTSCHO
A cantora Ivete Sangalo recebeu nesta quarta-feira o cachê de R$ 650mil -- sim, o leitor leu direito, o valor é esse mesmo -- pago pelo governo do Estado do Ceará pelo show que ela fez na inauguração do Hospital Regional da Zona Norte, em Sobral, reduto político do governador Cid Gomes e de seu irmão Ciro.
Agora, o Ministério Público de Contas do Ceará informou que vai pedir a devolução do cachê aos cofres públicos. O procurador de Contas do Ceará, Gleydson Alexandre, denunciou o caso como abuso, apresentando uma lista com os valores cobrados por Ivete Sangalo em outras cidades, que ficaram entre R$ 400 mil e R$ 500 mil, o que já não é pouca coisa.
O processo para evitar o pagamento foi arquivado pelo Tribunal de Contas do Estado, no dia 16 de janeiro, mas Gleydson apresentará recurso na volta do recesso do Judiciário cearense, no próximo dia 5 de fevereiro.
O governador Cid Gomes justificou a despesa porque 'o povo precisa de diversão' e criticou o procurador. 'O que é o Ministério Público de Contas? É um garoto que deseja aparecer e fica assim criando caso'.
O procurador respondeu que o governador 'não tem o menor respeito pelas instituições democráticas' e anunciou que vai aguardar o julgamento do recurso que será analisado pelo plenário do Tribunal de Contas do Ceará.
Enquanto a Justiça não decide quem tem razão, o que não costuma ser rápido, tenho uma sugestão. Para evitar que o governador e o procurador continuem batendo boca por conta do rico cachê, provocando desgastes à sua imagem, que tal Ivete Sangalo tomar a iniciativa de devolver o dinheiro (descontadas as despesas de produção e viagem), que poderia ser aplicado, por exemplo, numa ala infantil do novo hospital?
A doação seria registrada numa placa de bronze na entrada do hospital com o nome da cantora, que assim certamente ganharia novos fãs e a gratidão eterna dos moradores de Sobral.
O caso Ivete levanta a questão sobre as fortunas pagas por prefeituras e governos estaduais para promover shows de artistas famosos, torrando o dinheiro que falta em outras áreas, em especial no nordeste assolado por mais uma seca.
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