(POR RENATO
RIELLA)
A presidente Dilma Rousseff está passando para os bons
observadores um semblante de pânico. Na visita ao Rio de Janeiro, ostentava
olheiras de insônia. Depois das vaias tomadas no Estádio Garrincha pode ter
piorado – se isso for possível.
Vou tentar chamá-la para um plano real, sem pânico.
Prezada Dilma, o genial Nelson Rodrigues já dizia que, no
Brasil, principalmente em estádios, o povo vaia até minuto de silêncio.
Estava no Maracanã em 2007, na abertura do Pan, quando o
então presidente Lula foi violentamente vaiado por cerca de 100 mil pessoas.
Violentamente é uma palavra errada. O certo é:
festivamente.
Lula apareceu no telão duas vezes e despertou a platéia.
Ele nem teve coragem de falar nada, pois seria pior.
Confesso que participei ativamente da vaia, mesmo sem ter
raiva dele. Apenas de molequeira. Apenas para entrar no espírito do Nelson
Rodrigues (até minuto de silêncio!).
O mesmo deve ter ocorrido no Estádio Garrincha. Se
duvidar, até o governador Agnelo Queiroz, remexendo nas suas lembranças de
agitador das massas, teve ímpeto de vaiar.
Dito isso, conclui-se que a vaia foi um impulso festivo,
mas não devemos esquecer que Dilma está com feição de pânico. E deve ter
piorado ao sair do estádio.
As pessoas não sabem por que vaiaram. Mas a presidenta
precisa saber porque está em pânico.
Se refletir bem, cercada por pessoas inteligentes, que
tenham liberdade de falar, ela concluirá que precisa se comunicar melhor com o
povo, acenando com mudanças cobradas em cada esquina.
O Brasil cansou de esperar. Pelo que se vê, a Copa não
poderá ofuscar os descontentamentos, que não têm ligação com PIB, nem com taxa
de inflação, nem com cotação de dólar.
O problema do Brasil,
hoje, é falta de confiança no Estado, que não dá resposta mínima a quase nada.
O Estado fala uma linguagem que o povo não acredita nem entende. Fala até em
Velho do Restelo – velho de verdade.