sexta-feira, 3 de outubro de 2014

CONFRONTO ENTRE CANDIDATOS MARCA UM DEBATE TENSO

Debate realizado pela TV Globo reuniu sete presidenciáveis no Rio.
Nos quatro blocos, candidatos fizeram perguntas uns aos outros.
Do G1, em Brasília

Candidatos aguardam o inicio do debate no estúdio da TV Globo, no Rio (Foto: Reprodução/TV Globo)
'Você faz o seu espetáculo sem a menor conexão com a realidade'
'Tu és tão fanático da privatização que fez aeroporto e entregou as chaves para o seu tio'
Sete candidatos protagonizaram um debate tenso e repleto de confrontos na noite desta quinta-feira (3) no estúdio da TV Globo, no Rio de Janeiro, no último encontro entre os presidenciáveis antes do primeiro turno da eleição, no próximo domingo (5). O G1acompanhou em tempo real e transmitiu ao vivo.
Os atritos envolveram Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Aécio Neves (PSDB), que ocupam os primeiros lugares nas pesquisas de intenção de voto, e também os demais candidatos – Luciana Genro (PSOL), Levy Fidelix (PRTB), Eduardo Jorge (PV) e Pastor Everaldo (PSC).
Em todos os blocos do debate, que durou duas horas e meia, os candidatos fizeram perguntas entre si, com tema livre (dois blocos) e com temas definidos por sorteio (outros dois). A cada pergunta, o candidato se levantava da cadeira, se dirigia até o centro do palco e chamava o adversário que desejava questionar.
A candidata do PSB voltou a se confrontar com Dilma quando o tema da pergunta foi o Banco Central. A presidente afirmou que a adversária confunde 'autonomia' com 'independência' do BC. 'Independência do Banco Central é dar um quarto poder para os bancos', disse Dilma. 'Está falando a Dilma das eleições e não a Dilma das convicções, que, por não ter experiência política, confunde os poderes. Autonomia do BC é para evitar que a inflação cresça como está acontecendo no seu governo', afirmou Marina. 'Quer dizer que uma pessoa que não fez carreira política não pode ser presidente?', reagiu Dilma depois que a rival disse que ela se elegeu presidente sem ter sido eleita para mandatos parlamentares.
Marina Silva propôs durante o debate a criação de um 13º salário para os beneficiários do programa Bolsa Família. 'Isso é que vai melhorar a condição de vida das pessoas', declarou.
'Tu és tão fanático...'
Aécio discutiu com Luciana Genro porque a candidata do PSOL comparou PT e PSDB e afirmou que os tucanos deram origem ao escândalo do mensalão. 'Você faz o seu espetáculo sem a menor conexão com a realidade', afirmou Aécio.
'Quem não tem conexão com a realidade é você, que anda de jatinho [...]. Tu és tão fanático da privatização que fez aeroporto e entregou as chaves para o seu tio', replicou Luciana Genro. Aécio disse que as afirmações eram 'acusações levianas'. 'Infelizmente você não está preparada para disputar a Presidência da República', repreendeu.
Dilma e Aécio
Dilma voltou a afirmar no debate que foi ela quem mandou demitir o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal, e que ganhou nesta semana o benefício da prisão domiciliar depois de ter aprovado pela Justiça o acordo de delação premiada com o Ministério Público.
'Eu demiti esse diretor que está envolvido nesse escândalo', afirmou a presidente, o que motivou a contestação de Aécio Neves ao responder a uma pergunta de Pastor Everaldo sobre a Petrobras. 'Não é o que diz a ata do Conselho. A ata diz que o diretor renunciou', afimou Aécio, que passou a ler trechos do documento.
Aécio e Dilma se enfrentaram diretamente quatro vezes, em três perguntas da petista para o tucano e em uma dele para ela. Numa dessas questões, a presidente disse que o PSDB deixou a Caixa e o Banco do Brasil numa situação 'extremamente precária'. Aécio respondeu afirmando que 'vocês [petistas] entregaram a Petrobras a uma quadrilha'. Noutra, o tucano declarou que 'os bons programas do governo do PT vão continuar, mas vão ser aprimorados' – Dilma disse que 'talvez você não conheça' o programa Minha Casa, Minha Vida.
Levy e Luciana
O debate voltou a confrontar Luciana Genro e Levy Fidelix, que se atritaram no encontro anterior, na TV Record, quando o candidato do PRTB disse que homossexuais tinham de passar por tratamento psicológico 'longe daqui'. 'Tu apavorou, chocou, ofendeu e humilhou milhares de pessoas com o teu discurso homofóbico', disse Luciana Genro. 'Não estimulei nada, mentira sua', reagiu Fidelix. 'Tenho meu direito de expressar minha posição cristã', afirmou.
Levy Fidelix também foi alvo de questionamento de Eduardo Jorge sobre o mesmo assunto. O candidato do PV disse que Fidelix 'extrapolou todos os limites' e tinha de pedir perdão. 'Você não tem moral nenhuma para me falar disso. O sr. propõe que o jovem use maconha, faz apologia ao crime', disse, em referência ao aborto. 'Nós vamos nos encontrar na justiça quando o MP abrir um processo e estaremos lá como testemunhas', disse Jorge. 'Vire sua boca para lá', reagiu Fidelix.
Considerações finais
No encerramento do quarto bloco, os candidatos fizeram suas considerações finais.

Pastor Everaldo agradeceu ao público e aos candidatos. Disse que a Constituição tem como princípio repudiar terrorismo e racismo. Ele reafirmou compromisso contra o aborto e a favor do casamento entre homem e mulher.
Marina Silva afirmou que a sociedade deseja mudança 'em primeiro lugar, na qualidade da política'. 'Nós sabemos o quanto a população quer dar um basta na corrupção, quer drena milhões e milhões'.
Levy Fidelix agradeceu a Deus pelo 'conforto e firmeza quando tentaram atentar contra a moral e os bons costumes'. 'Não podemos deixar que o nosso país vá para o descalabro e a desagregação social e moral'.
Dilma Rousseff disse que o eleitor deve se perguntar qual candidato tem capacidade para 'avançar mais' e qual tem compromisso com os trabalhadores e força política para fazer as reformas necessárias. 'Peço humildemente seu voto', concluiu.
Eduardo Jorge agradeceu aos militantes e seguidores de redes sociais, que permitiram que Partido Verde 'tivesse toda essa acolhida no Brasil'. Segundo ele, o PV propõe um comportamento 'revolucionário' para mudar as relações de consumo.
Aécio Neves lembrou da lição do avô Tancredo Neves de que a 'gratidão é a alma do coração'. Defendeu que a saúde pública chegue 'mais perto da casa da população' e que a segurança pública avance 'para que os jovens fiquem longe das drogas'.

Luciana Genro agradeceu ao vice e à militância do PSOL. Disse que no primeiro turno o eleitor deve votar no candidato das bandeiras que defende, dos sem-teto, dos sem-terra e do movimento LGBT.