Há três anos, para evitar burocracias, garantir celeridade para a
justiça e, principalmente, para os internos do sistema prisional que
convivem com DST’s/Aids, o Hospital São José, da rede pública do Governo
do Estado, e a coordenação do Programa DST/Aids no Sistema
Penitenciário do Ceará, inverteram o fluxo de atendimento com o projeto
“O Cuidado Humanizado em DSTs/Aids no Sistema Prisional do Estado do
Ceará”. Uma vez por mês, a equipe formada pelo médico infectologista e
diretor do Hospital São José, Roberto da Justa, pela enfermeira Eliane
Rodrigues, e pela técnica em enfermagem Vânia de Castro dedica um dia
inteiro ao atendimento de internos das unidades prisionais do Estado que
vivem com DST’s/Aids. Em cada unidade prisional, são feitos exames,
entrega de medicamentos e orientação aos pacientes que estão presos. As
mulheres soropositivas que estão no Presídio Feminino Desembargadora
Auri Moura Costa são contempladas com o projeto.
Roberto da Justa e a enfermeira Eliane Rodrigues em atendimento no
presídio Casa de Privação Provisória de Liberdade Professor Clodoaldo
Pinto, em Itaitinga
“Eu sabia que tinha alguma doença séria. Não ficava curado de gripes,
perdi muito peso. Até que o médico pediu o teste para HIV. Desde que o
resultado positivo saiu eu sou acompanhado pela equipe que vem aqui onde
eu estou”, diz o detento R. G., que está há dois anos na CPPL II, no
município de Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza. Atualmente,
63 internos de todas as unidades prisionais do Ceará, já diagnosticados
são atendidos. O Projeto Cuidado Humanizado em DST/ Aids no Sistema
Prisional no Estado do ceará também garante os cuidados a parentes mais
próximos e dos dois prontuários elaborados dentro da unidade prisional,
um vai para o Hospital São José, o que garante acompanhamento após a
saída do paciente que está preso.
“O projeto está entre os finalistas do XII Prêmio Innovare já é uma
grande conquista. Mas o melhor é saber que cumprimos a missão de levar o
bem às pessoas que estão em situação de dificuldade”, ressalta o
infectologista Roberto da Justa. “ Estamos muito felizes porque
conseguimos cuidar com humanização e amor e ainda oferecer uma qualidade
de vida melhor para um grupo que vive com estigmas e preconceitos¨,
comenta a enfermeira Eliane Rodrigues”.
O projeto foi selecionado entre 667 inscritos de todo o país e concorre na categoria “Justiça e Cidadania”. A cerimônia de premiação será realizada no Supremo Tribunal Federal, em Brasília, no dia 1º de dezembro. O Prêmio Innovare foi criado em 2004 e com cerca de cinco mil práticas inscritas. Hoje é considerada a mais importante premiação da justiça brasileira.