Pela segunda vez, o presidente Jair Bolsonaro caminha para sacramentar a filiação ao Partido Liberal (PL). Após dois anos sem partido, o chefe do Executivo deve assinar a ida à legenda na manhã da terça-feira (30/11).No início deste mês, Bolsonaro havia batido o martelo e decidido que entraria no PL. Inicialmente, a cerimônia que formalizaria a filiação estava marcada para a semana passada, mas foi cancelada. O motivo foi o incômodo do presidente da República com possíveis alianças estaduais do PL em 2022. Entre elas, em São Paulo, onde a sigla planejava estar ao lado do hoje vice-governador, Rodrigo Garcia (PSDB), candidato de João Doria para sucedê-lo no Palácio dos Bandeirantes.
Interlocutores dizem que, antes de bater o martelo pela segunda vez, Bolsonaro tinha conversas diárias com o presidente da sigla, Valdemar da Costa Neto, para solucionar o impasse da filiação.
Nos bastidores, dirigentes do partido dizem que o PL sempre esteve junto do governo e que agora não seria diferente. Segundo eles, mesmo com algumas alianças estaduais já firmadas, após a definição de filiação de Bolsonaro, Valdemar Costa Neto precisou se desculpar com alguns políticos e desfazer acordos. “Agora o presidente está conosco”, era o argumento usado.
Quem Bolsonaro deve encontrar no PL
Ao chegar no PL, Bolsonaro encontrará políticos que já se manifestaram publicamente como oposição, como é o caso do deputado Marcelo Ramos (AM), atual vice-presidente da Câmara.
No início do mês, Ramos se manifestou sobre uma eventual filiação de Bolsonaro ao partido e disse que iria avaliar o que faria caso a filiação se confirmasse. Ele chamou a chegada de Bolsonaro à legenda como “absolutamente incômoda”.
A lista inclui empresários e personalidades famosas, como o deputado Tiririca, de São Paulo, e o senador Romário, do Rio de Janeiro. Ex-ministros de gestões passadas também integram o partido. São os casos de Alfredo Nascimento (AM), que foi ministro durante os governos dos petistas Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, e Maurício Lessa (AL), ex-auxiliar de Michel Temer (MDB) e atual secretário de Renan Filho, governador de Alagoas, do MDB. O líder alagoano é filho de um dos maiores rivais de Bolsonaro, o senador Renan Calheiros, que foi relator da CPI da Covid-19..
A bancada bolsonarista
De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), atualmente, o PL é composto por quatro senadores e 43 deputados federais. Os números devem aumentar com a filiação do chefe do Executivo federal. Além da migração de deputados e senadores para o partido, assessores pessoais de Bolsonaro também preparam candidaturas.
Segundo o jornalista Evandro Éboli, do blog do Noblat, o PL deve ganhar ao menos 30 novos deputados. A conta foi feita por Giovani Cherini (PL-RS), um dos vice-líderes do partido e dos mais empolgados bolsonaristas na sigla. Segundo ele, esses deputados serão egressos de partidos distintos, mas a maioria será do PSL.
Além disso, o filho 01 do presidente, senador Flávio Bolsonaro (RJ), que se filiou ao Republicanos recentemente, deve deixar a sigla e se filiar ao lado do pai.
Na rede de ministros de Bolsonaro, a principal aposta é lançar Tarcísio de Freitas, da Infraestrutura, para o governo de São Paulo. O ministro, no entanto, ainda pensa na ideia e deve dar uma resposta a Bolsonaro até o dia 30, mesma data de filiação do chefe do Executivo federal.
Na Bahia, segundo relatos feitos à reportagem, o PL já fechou acordo para apoiar a candidatura de João Roma para o governo estadual. Roma é filiado ao Republicanos.
Interlocutores ainda dizem que Bolsonaro quer o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles concorrendo a uma vaga no Senado Federal. Na última semana, durante uma entrevista, o presidente disse que continua amigo do ex-ministro. “Está no meu coração”, disse.