Na tentativa de afastar as críticas sobre a
postura de defesa que mantém em relação às pautas governistas, o presidente da
Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL),
afirmou que sua reeleição não depende da vitória de Jair Bolsonaro nas eleições
de 2022. “A vida do presidente Bolsonaro é uma. A minha vida é outra”, disse.
Lira conta que ainda trabalha
com a possibilidade de um candidato do PP compor uma chapa com Bolsonaro e cita
que a ida do presidente para o PL ainda é um futuro incerto. As declarações
foram dadas em entrevista à Folha de S.Paulo, publicada
nesta segunda (22).
A filiação, que estava “99%
certa” segundo o próprio Bolsonaro, foi suspensa depois de crise no partido
desencadeada pela incerteza do presidente sobre o real comando que terá sobre
as composições do partido em 2022. Lira criticou ainda a decisão da
ministra Rosa Weber, do Supremo Tribunal Federal, de suspender a execução das emendas
de relator e disse que não são normais decisões desse cunho.
“Não podemos achar que uma
decisão dessa é normal. De 1988 a 2019, ninguém sabia o que o relator-geral
fazia e ninguém questionava. Com a alteração da lei que a gente fez para que
ficasse marcado no Orçamento todas as emendas de relator, era para ter
transparência para o Congresso, senadores e deputados. Se isso foi mal
compreendido e precisa ser aprimorado, que se faça por legislação”, afirmou.
Ele nega ainda a existência de esquema de compra de
votos a partir do orçamento secreto e defende que a discussão de emendas
parlamentares é o assunto em alta da vez.
“Isso é um absurdo.
Criminalizar emenda, eu sempre vou bater de frente. Eu que tenho 30 anos de
mandato sei as alterações dessas emendas na vida das pessoas, em municípios
pobres. Essa é uma discussão que está na bola da vez, como foi cloroquina, a
máscara, a vacina, a crise hídrica, energia, o dólar. O Brasil está num ritmo
de perenização de crise. Antes era normal administrar a cada três meses, hoje
estamos administrando uma a cada semana. Estamos nos acostumando.”
Questionado sobre a candidatura de profissionais da área
jurídica, Lira critica as intenções mas diz que ainda é cedo para projetar
2022. “O objetivo da Lava Jato era combater a corrupção ou usar a operação como
trampolim político? Todas as perguntas vão ser respondidas na eleição”,
questionou quando perguntado da candidatura do ex-juiz Sérgio Moro.
Sobre a tramitação da PEC dos
Precatórios, o presidente da Câmara afirma que tem expectativas para a
aprovação do texto, já que o “desenho” foi feito “na Casa de Rodrigo Pacheco“,
presidente do Senado.
Arthur Lira também emitiu
opiniões sobre os movimentos de Pacheco no sentido de deixar de cumprir acordos
e afirmou que a pré-candidatura do colega à Presidência pode interferir na
função hoje ocupada por ele.
“Numa visão muito própria, eu acho que uma função interfere na outra”, disse, ressaltando que Pacheco tem deixado de cumprir seus acordos. “Nós tínhamos um acordo com relação ao Imposto de Renda que até hoje não foi honrado. Tínhamos até 15 de outubro para que o Senado apreciasse essa matéria e nós votássemos o Refis, numa troca de figurinha. Eu vou votar o Refis, eu geralmente cumpro os meus acordos”, disse.