Governador de Pernambuco sela acordo de cessar-fogo com Ciro Gomes. Objetivo é reduzir exposição pública de divergências sobre candidatura presidencial em 2014
DA FOLHA DE S.PAULO - NATUZA NERY
O governador de Pernambuco, Eduardo Campos, selou um acordo de cessar-fogo com o ex-ministro Ciro Gomes, o integrante do PSB que até agora expressou de forma mais contundente sua discordância com o projeto de Campos de disputar a eleição presidencial do próximo ano.
Em um longo jantar no Recife no domingo passado, os dois correligionários discutiram suas divergências e fizeram um pacto para só definir no ano que vem se o partido terá ou não um nome próprio na corrida presidencial.
Enquanto o governador de Pernambuco trabalha com a hipótese de concorrer ao Palácio do Planalto, Ciro e seu irmão, o governador do Ceará, Cid Gomes, declaram apoio público à reeleição da presidente Dilma Rousseff.
Ciro declarou seu apoio a Dilma novamente no jantar no Recife, mas deixou portas abertas para eventualmente rever sua posição no futuro.
Segundo a Folha apurou, os dois combinaram de conversar mais. Campos pediu que Ciro, que foi ministro da Integração Nacional no governo do ex-presidente Luiz Ináico Lula da Silva e de quem foi próximo no passado, lidere no PSB debates sobre a economia e discuta alternativas para tirar o país do ciclo de baixo crescimento.
Na política, os dois reclamaram da dependência de Dilma em relação ao PMDB, o parceiro preferencial da coalizão governista. Essa relação, aliás, sempre foi criticada pelo cearense.
A SÓS E DESARMADOS
Ambos conversaram a sós e 'desarmados', conforme definiu um integrante da legenda. E Ciro não apresentou resistência a um possível desembarque da Esplanada. Segundo relatos, ele repetiu uma tese antiga: o PSB pode ajudar na governabilidade sem cargos no governo.
Um acordo de paz, mesmo que transitório, é positivo para o pernambucano. Primeiro, porque ajuda a afrouxar a tensão interna no PSB. Segundo, porque tira o correligionário do grupo que expõe, de maneira crítica, divisões internas. Ciro é conhecido pelo estilo mordaz de falar.
A conversa de domingo, até pouco tempo atrás considerada improvável, ocorre num momento em que governadores do partido e o próprio ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, indicado por Campos para o governo, expressam apoio à reeleição de Dilma.
O jantar no Recife ocorreu por iniciativa do pernambucano, após um emissário telefonar para sondar se haveria consentimento de Ciro Gomes. Minutos depois, o convite foi formalizado.
A distância entre os dois ficou nítida em 2010, quando Ciro teve sua candidatura à Presidência retirada pelo PSB. Na ocasião, a sigla preferiu ficar com a candidata indicada pelo presidente Lula. Hoje é Campos quem ensaia voo solo e enfrenta a resistência dos irmãos Gomes.
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