domingo, 9 de junho de 2013

NÃO, DILMA, NÃO EVOLUA!

BRA 247 - Com os profissionais da política, como Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara dos Deputados, nada vem de graça. Depois de atuar decisivamente na aprovação da Medida Provisória dos Portos, ele agora cobra a fatura. E da maneira mais escancarada. Neste fim de semana, em entrevista à revista Veja, ele afirma que "A Dilma precisa evoluir".
No dicionário de Alves, no entanto, o verbo evoluir tem um significado muito peculiar. Significa abrir os cofres federais e distribuir bilhões em emendas aos parlamentares do PMDB e da base aliada, em troca do apoio à reeleição.
Eis a lógica de Alves:
"A eleição presidencial já é discutida diariamente, o que provocou também a antecipação das campanhas de governadores, senadores e deputados. Todos da base querem a reeleição da presidente, mas querem também a própria reeleição. A ansiedade é geral, e há insegurança diante do fato de os pedidos feitos ao governo não serem atendidos no prazo necessário".
(Sobre os pedidos, não é difícil imaginar sua natureza)
Mais adiante, Alves prossegue em sua lógica fisiológica:
"A função do parlamentar não é só legislar. Ele tem de prestar contas do que realiza em Brasília. Falo do atendimento das demandas de estados e municípios, da liberação dos recursos para resolver as carências da população. Esses detalhes precisam ser ajustados na relação da presidente com o Parlamento."
(Será que ele pede um mensalão?)
E quem, então, deve abrir os cofres aos deputados?
"A responsabilidade é da presidente, e a missão é intransferível. Faço essa advertência de quem já tem candidato a presidente em 2014, que é a própria Dilma. Ela é exemplar naquilo que o povo quer de um presidente – no rigor, na ética, na fiscalização. Mas falta lidar melhor com o Parlamento."
(Não há uma contradição entre rigor, ética, fiscalização e "lidar melhor com o Parlamento"?)
Na prática, a entrevista de Alves a Veja é um pedido escancarado para que Dilma ceda ao fisiologismo. De certa forma, funciona até como um elogio à presidente, ao demonstrar que ela conseguiu aprovar os projetos que considerava estratégicos, como a MP dos Portos, sem recorrer à compra de apoios parlamentares.
Neste fim de semana, o Datafolha apontou leve queda na popularidade da presidente, mas ela ainda segue favorita à reeleição. Evoluir na direção proposta por Henrique Eduardo Alves, ao que tudo indica, não trará nenhum ganho à sua imagem e poderá até corroê-la.