João Câmara/Parazinho/São
Miguel do Gostoso (RN)
Depois de quase esgotar o seu
potencial hidrelétrico na década de 90, o Nordeste ressurge como a grande
sensação da energia alternativa. Até 2023, a geração de novas fontes renováveis
- como eólica e solar - vai representar 60% da matriz elétrica da região.
Juntas, as usinas vão somar 22 mil megawatts (MW) de potência instalada, mais
que o dobro da atual capacidade hídrica do Nordeste (de 10,8 mil MW) e quase
metade da geração alternativa prevista para o País, segundo o Plano Decenal de
Expansão de Energia (PDE) 2023.
No caso das eólicas, o potencial de
melhoria para a população é grande. Além dos 192 parques instalados, com
capacidade de 4.522 MW, a região tem outros 362 empreendimentos em construção,
com capacidade para 9.292,9 MW, segundo dados da Associação Brasileira de
Energia Eólica (Abeeólica).
"Essa será a segunda fonte de
energia do Brasil até 2021", afirma a presidente da associação, Elbia
Melo. Em um primeiro momento, o impacto dos projetos é na aceleração da
economia local, com a chegada de trabalhadores e novos estabelecimentos
comerciais, como restaurantes e hotéis. No Rio Grande do Norte, Estado líder na
geração de energia eólica no Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB) dos
municípios que receberam os parques praticamente dobrou desde o início da
construção.
Capacidade 60% maior
Segundo André Dorf, presidente da CPFL
Renováveis, líder na produção de energia eólica no Brasil, apenas uma fração do
potencial do Rio Grande do Norte foi explorado. Hoje, o Estado tem 73 parques
eólicos construídos, com capacidade para produzir 2.062 MW.
O caso do Rio Grande do Norte é
replicado para os demais Estados do Nordeste, que brigam entre si pela
liderança de maior produtor do País. Entre projetos instalados e em construção,
a Bahia será a segunda colocada no ranking nacional, com 166 parques e uma
capacidade instalada 4.159 MW.
No Ceará, existem 59 usinas eólicas em
funcionamento, outros seis em construção e mais 51 que ainda não foram
iniciados. A capacidade instalada do Estado chega a 1.233,2 MW. A previsão da
Abeeólica é de que a capacidade instalada de energia eólica no Brasil aumente
cerca de 60% em 2015, dos atuais 6 gigawatts (GW) para 9,8 GW
Usinas solares
Segundo Dorf, além da força do vento,
o Nordeste também começa a despontar na energia solar. No primeiro leilão, que
incluiu a fonte alternativa, a região recebeu quase 60% dos 889 MW negociados
no certame.
Outro efeito é a formação de uma
cadeia produtiva, como em outros países. Apesar de o governo ter realizado
apenas o primeiro leilão, já há empresas estrangeiras interessadas em construir
fábricas de componentes para as usinas solares, afirma o diretor executivo da
Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia.
Segundo ele, a instalação dessas
unidades vai ocorrer nos locais que representarem maior vantagem para as
companhias. Mas, independentemente de onde estarão instaladas, o destino de boa
parte de suas peças será o Nordeste. Até 2023, a grande fronteira da energia
alternativa vai produzir 52% de toda energia renovável do País.