segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

NORDESTE É A NOVA FRONTEIRA ELÉTRICA DO BRASIL

João Câmara/Parazinho/São Miguel do Gostoso (RN)
Depois de quase esgotar o seu potencial hidrelétrico na década de 90, o Nordeste ressurge como a grande sensação da energia alternativa. Até 2023, a geração de novas fontes renováveis - como eólica e solar - vai representar 60% da matriz elétrica da região. Juntas, as usinas vão somar 22 mil megawatts (MW) de potência instalada, mais que o dobro da atual capacidade hídrica do Nordeste (de 10,8 mil MW) e quase metade da geração alternativa prevista para o País, segundo o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE) 2023.
No caso das eólicas, o potencial de melhoria para a população é grande. Além dos 192 parques instalados, com capacidade de 4.522 MW, a região tem outros 362 empreendimentos em construção, com capacidade para 9.292,9 MW, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica).
"Essa será a segunda fonte de energia do Brasil até 2021", afirma a presidente da associação, Elbia Melo. Em um primeiro momento, o impacto dos projetos é na aceleração da economia local, com a chegada de trabalhadores e novos estabelecimentos comerciais, como restaurantes e hotéis. No Rio Grande do Norte, Estado líder na geração de energia eólica no Brasil, o Produto Interno Bruto (PIB) dos municípios que receberam os parques praticamente dobrou desde o início da construção.
Capacidade 60% maior
Segundo André Dorf, presidente da CPFL Renováveis, líder na produção de energia eólica no Brasil, apenas uma fração do potencial do Rio Grande do Norte foi explorado. Hoje, o Estado tem 73 parques eólicos construídos, com capacidade para produzir 2.062 MW.
O caso do Rio Grande do Norte é replicado para os demais Estados do Nordeste, que brigam entre si pela liderança de maior produtor do País. Entre projetos instalados e em construção, a Bahia será a segunda colocada no ranking nacional, com 166 parques e uma capacidade instalada 4.159 MW.
No Ceará, existem 59 usinas eólicas em funcionamento, outros seis em construção e mais 51 que ainda não foram iniciados. A capacidade instalada do Estado chega a 1.233,2 MW. A previsão da Abeeólica é de que a capacidade instalada de energia eólica no Brasil aumente cerca de 60% em 2015, dos atuais 6 gigawatts (GW) para 9,8 GW
Usinas solares
Segundo Dorf, além da força do vento, o Nordeste também começa a despontar na energia solar. No primeiro leilão, que incluiu a fonte alternativa, a região recebeu quase 60% dos 889 MW negociados no certame.
Outro efeito é a formação de uma cadeia produtiva, como em outros países. Apesar de o governo ter realizado apenas o primeiro leilão, já há empresas estrangeiras interessadas em construir fábricas de componentes para as usinas solares, afirma o diretor executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia.

Segundo ele, a instalação dessas unidades vai ocorrer nos locais que representarem maior vantagem para as companhias. Mas, independentemente de onde estarão instaladas, o destino de boa parte de suas peças será o Nordeste. Até 2023, a grande fronteira da energia alternativa vai produzir 52% de toda energia renovável do País.