Rivalidade entre grupos políticos
consolidados, novas composições a partir de rompimentos, primos em queda de
braço e possíveis embates entre candidatos ditos da base do governador Camilo
Santana (PT). Os ingredientes políticos nos sete maiores municípios do interior
cearense em número de eleitores já movimentam lideranças e militantes para as
acirradas eleições municipais de 2020.
Cenários diferentes são
percebidos nos sete maiores municípios do interior em número de eleitores. Em
Sobral, na região Norte, por exemplo, a marca é a polarização. Dois nomes são,
por enquanto, os donos dos holofotes: o atual prefeito Ivo Gomes (PDT), irmão
do senador Cid Gomes e do ex-candidato a presidente, Ciro Gomes, e o deputado
federal Moses Rodrigues (MDB), que disputou o último pleito.
Ivo Gomes tem preferido não
antecipar o ambiente eleitoral. Sempre que questionado sobre o assunto, afirma
que ainda é cedo para tratar de 2020 e a prioridade é o atual mandato. O chefe
do Executivo de Sobral foi procurado, mas a assessoria de comunicação informou
que ele não fala sobre eleições.
Enquanto isso, Moses Rodrigues
não apenas admite a pretensão de novamente aparecer nas urnas, como está
"construindo um arco de alianças com vários partidos, inclusive o
PSL".
Estrutura
O terceiro colocado em 2016 foi
Dr. Guimarães, pelo PSDB. Hoje segundo suplente do senador Luis Eduardo Girão,
o político está filiado ao Pros e não descarta concorrer de novo no ano que vem
ou mesmo apoiar Moses. "Não fui procurado ainda, mas quem está na
política, que pensa em ajudar o seu município, está sempre aberto ao diálogo",
destacou.
Outra opção em Sobral pode surgir
do partido Novo, que está construindo estrutura nas dez principais cidades
cearenses. O presidente estadual da sigla, Geraldo Luciano, reafirma que o
objetivo primário é montar as bases, antes dos processos seletivos que definem
as candidaturas.
Já em Itapipoca, a menos de 100
quilômetros de Sobral, a disputa em 2020, por enquanto, tende a ficar entre
três nomes. O interesse político na chamada "cidade dos três climas"
é justificado com o potencial turístico e a localização estratégica no Estado,
com terras no litoral e no sertão. A economia gira em torno da agricultura
familiar e de um parque industrial modesto.
O atual prefeito, João Barroso
(PSDB), é o candidato natural à reeleição e conta com maioria na Câmara
Municipal. Dos 17 vereadores, 12 manifestam posicionamentos favoráveis ao
gestor. O Diário do Nordeste tentou falar com o gestor por meio da Prefeitura
de Itapipoca, pelo partido, pelo número do celular dele e até pelo telefone da
empresa que possui em Fortaleza, mas não obteve êxito até o fechamento desta
reportagem.
Enquanto silencia, os opositores,
em Itapipoca, articulam candidaturas. Segundo colocado com 38% dos votos
válidos em 2016, o ex-prefeito Dr. Dagmauro, atualmente sem partido, quer voltar
à chefia do Executivo municipal. Um dos principais aliados dele é Felipe
Pinheiro, liderança do PT na região, que já foi secretário-executivo na
Secretaria de Desenvolvimento Agrário (SDA) do Governo do Estado. De acordo com
Dagmauro, há diálogo para a construção de uma chapa única.
A terceira via pode sair do
Patriotas. O empresário Elvilo Araújo, que disputou o cargo de deputado
estadual com o nome "Gordim Araújo" e conquistou mais de 22 mil votos
no ano passado, se reconhece como pré-candidato ao Executivo. Existe a
expectativa de contar com o apoio de outros partidos, como o PROS.
Turbulência no Sertão
Em Quixadá e Quixeramobim, no
Sertão Central, as disputas já estão abertas. Na terra dos monólitos, onde
reside a famosa Pedra da Galinha Choca, o cenário eleitoral é instável. O atual
prefeito de Quixadá, Ilário Marques (PT), eventual candidato à reeleição,
enfrenta uma turbulência na gestão desde a deflagração da Operação Fiel da
Balança, pelo Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE), com apoio da
Polícia Civil, no mês de agosto de 2018.
Ele e três secretários chegaram a
ser afastados das respectivas funções e retornaram aos cargos em novembro.
Depois disso, já no dia 24 de abril deste ano, a Polícia Civil e o Ministério
Público Estadual deflagraram a Operação Casa de Palha, quando foi preso o genro
de Ilário Marques, Milton Xavier Dias Neto, o "Neto Dias", além do
presidente da Câmara Municipal de Quixadá, Ivan Construções.
Entre aliados, a aposta é de que
Ilário Marques deve insistir na reeleição ou bancar o nome da esposa, a
ex-deputada estadual Rachel Marques, no ano que vem, mas o desejo do petista
encontra resistência na própria base aliada. Lideranças do PDT também estudam
lançar nome do partido com o apoio do prefeito. A situação de Quixadá passa
pelo escrutínio de forças estaduais.
Do outro lado, o último candidato
a prefeito que rivalizou com o petista, Dr. Ricardo Silveira (MDB), se posta
como pré-candidato e busca alianças com lideranças locais, como o atual
vice-prefeito de Quixadá, João Paulo Furtado. Ricardo está de saída do MDB, mas
não definiu novo partido. A terceira opção pode ser o advogado Sérgio Onofre,
que em 2018 conquistou 7 mil votos como candidato a deputado estadual pelo
PSDB.
Quixeramobim
No município vizinho de Quixeramobim,
o chefe do Executivo, Clébio Pavone (SD), caminha para nova candidatura, desta
vez sem o apoio do ex-deputado estadual Tomaz Holanda (PPS). Os dois romperam a
aliança depois das eleições de 2016. Como oposição, Holanda é pré-candidato à
Prefeitura ao lado de lideranças municipais.
O grupo político do ex-deputado e
ex-prefeito Cirilo Pimenta (PDT) quer disputar votos novamente. Ele e o também
ex-prefeito Edmilson Júnior, aliados antigos, projetam formar uma chapa para
2020, mas o nome ainda não está definido. Caso Pimenta não possa, Edmilson
seria o principal nome cotado para voltar ao posto na disputa.
Governistas
Um pouco mais embaixo, no
município de Iguatu, na região Centro-Sul cearense, as três possíveis
candidaturas desenham um embate dentro da base do Governo do Estado. Eleito em
2016, o prefeito Ednaldo Lavor (PDT) quer continuar no poder, mas em novo
partido. O destino do político deve ser PT ou PSB, mais ligados ao governador
Camilo Santana.
Fica no PDT o deputado estadual
Marcos Sobreira, que foi eleito vice-prefeito de Lavor, mas agora prepara o
lançamento de um candidato do seu grupo político. "Meu nome está à
disposição", frisou, sem descartar outro quadro para a disputa.
O
deputado estadual Agenor Neto (MDB), ex-prefeito de Iguatu, também integra o
grupo governista na Assembleia Legislativa, ainda que tenha postura crítica, e
deve sair candidato. Ele e o atual prefeito, Ednaldo Lavor, não foram
localizados.
(Diário do
Nordeste)
