Associações de jornalistas profissionais manifestaram repúdio aos ataques de Jair Bolsonaro à imprensa.
Em discurso transmitido no domingo (22), na Avenida Paulista, o presidenciável disse: “Sem mentiras, sem fake news, sem Folha de S.Paulo. Nós ganharemos esta guerra. Queremos a imprensa livre, mas com responsabilidade. A Folha de S.Paulo é o maior fake news do Brasil. Vocês não terão mais verba publicitária do governo. Imprensa livre, parabéns; imprensa vendida, meus pêsames.”
No mesmo discurso, o deputado federal declarou que fará uma limpeza no Brasil. “Vamos varrer do mapa esses bandidos vermelhos”, afirmou.
Para a Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo), políticos atacam a imprensa porque preferem impor ao público o discurso que mais convém aos interesses deles. Ainda segundo a associação, é função do bom jornalismo cobrar que os candidatos, independente da posição ideológica, respeitem às leis e o regime democrático.
“Para demonstrar algum compromisso com a preservação da democracia, o candidato deveria condenar a intimidação de jornalistas, em vez de fomentar essa prática”, disse Daniel Bramatti, presidente da associação.
A Abraji já compilou 140 casos de violência contra jornalistas no período eleitoral. Com o crescimento do assédio, a associação tem divulgado uma cartilha que orienta repórteres sobre ataques virtuais.
Segundo levantamento feito em 2018 pelos Repórteres Sem Fronteiras, entre 180 países analisados, o Brasil ocupa a 102ª posição em liberdade de atuação da imprensa.
Segundo a organização, ameaças e agressões durante o exercício da profissão tornam instável o trabalho de jornalistas no Brasil.
Para Christophe Deloire, secretário geral da Repórteres sem Fronteiras, a campanha de ódio e difamação alimentada por Jair Bolsonaro fragiliza uma sociedade já fortemente polarizada.
“Os eleitores brasileiros não devem se deixar enganar pelos discursos de fachada, por trás dos quais se esconde uma verdadeira violência que não poupará o jornalismo. Jair Bolsonaro é uma grave ameaça para a liberdade de imprensa e para a democracia”, disse Deloire em nota à imprensa.
Marcelo Rech, presidente ANJ (Associação Nacional de Jornais) e vice-presidente do Fórum Mundial de Editores disse que o teor das declarações de Jair Bolsonaro revelam ignorância sobre a função da imprensa.
“É lamentável esse tipo de comentário, sobretudo vindo de um candidato à Presidência da República, pois demonstra incompreensão sobre o papel do jornalismo. Também é condenável a ameaça de retaliação com investimentos publicitários do governo, que devem seguir sempre critérios técnicos e não políticos”, afirmou Rech.
Fonte: Folhapress