A ministra Cármen Lúcia, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou, hoje, que as mulheres ainda são vítimas de preconceito no Brasil e acabam se afastando do espaço político. Acrescentou que as mulheres não são invisíveis, mas, sim, "invisibilizadas".
Cármen Lúcia deu as declarações ao discursar no seminário "Mais mulheres na política – sem violência de gênero", promovido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). A ministra presidiu o tribunal entre 2012 e 2013.
"Nós não somos invisíveis, nós somos invisibilizadas pelos que não nos querem ver", disse a ministra. Em seguida, chamou esse tipo de atitude de "violência cívica".
Ainda no discurso desta segunda-feira, a ministra afirmou ser preciso garantir igualdade e defendeu a participação das mulheres nos poderes e nos órgãos públicos. "No Poder Judiciário, temos tribunais ainda compostos apenas de homens", criticou.
Na sequência, a ex-presidente do TSE afirmou que as mulheres, embora tenham direitos iguais, são "permanentemente silenciadas". "Somos também silenciadas, nós não somos uma minoria silenciosa em direitos. Em direitos, nós somos iguais, na efetividade dos direitos é que somos permanentemente silenciadas historicamente. E o que o espaço de poder dá voz e vez às mulheres que não podem sofrer uma violência cívica", declarou.
Durante o discurso, Cármen Lúcia comparou as punições previstas nas leis que penalizam a violência psicológica contra a mulher e os maus-tratos de animais. "Este ano, no mês internacional da mulher, foi introduzida no Código Penal brasileiro a figura da violência emocional contra as mulheres. A pena mínima é de 2 meses a 2 anos. Ou seja, a mínima para maus tratos de cães e gatos é a máxima quando for mulher", disse.
"Legalmente, eu estou abaixo de cachorro", ressaltou, acrescentando ver isso como "desfaçatez".