É impossível não associar a decisão do
juiz Danilo Dias Azevedo da 32ª Vara Federal, a dois processos políticos em
curso: a eleição de 2022 e a nomeação, pelo presidente Bolsonaro, de 75
magistrados a cargos em tribunais superiores, o que deve ocorrer nos próximos
dias. Em nota, os deputados cearenses se solidarizaram com Ciro e Cid Gomes,
que receberam a vista de policiais federais em busca de documentos. Os
parlamentares denunciam que a Constituição foi rasgada, ao ser expedida ordem
contra um senador, sem passar pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e contra
Ciro, por nem ser citado no processo e figurar como pré-candidato a presidente
da República, com chances de vitória.
Ciro foi ao ponto. Acusou o presidente
Bolsonaro de estar envolvido na ação, que visa lhe desqualificar. O ex-ministro
tem dito que Bolsonaro é “ladrão, genocida, assassino e desumano”.
Fazendo as contas, a ação autorizada pelo juiz da Vara Federal no Ceará
custou mais do que a suposta propina de R$ 10 milhões distribuída, segundo o
juiz, a aliados dos Ferreira Gomes. Foram 80 policiais espalhados pelo Brasil,
usando aviões, viaturas, recebendo horas extras e alimentação para um processo
investigatório. Os deputados trataram o caso como “crime eleitoral e abuso de
poder” por parte do presidente Bolsonaro, minimizando papel do juiz Danilo Dias
Azevedo.
Na leitura da nota de Ciro, fica claro
que ele notou o constrangimento dos policiais. “Até os números do prédio e do
apartamento estavam errados no
mandado, mas acolhi e recebi porque vi incompreensão.
Sou decente, limpo”, disse Ciro, muito calmo.
O governador do Ceará, Camilo Santana,
minimizou o ato e ironizou, ao afirmar que a investigação é de “dez anos
atrás”. Na mesma linha, foram o ex-prefeito Roberto Cláudio e o presidente da
Assembleia, Evandro Leitão.
A disputa eleitoral será a mais acirrada.
A polícia federal sendo usada para desgastar homens públicos não é uma
estratégia nova. A própria esquerda se valeu dessa tática.
Nos tempos da Lava Jato, o juiz Sérgio
Moro e o procurador Deltan Dalanghol se divertiam, às sextas-feiras, com
operações nas residências dos maiores empresários do país e das lideranças
destacadas no cenário político. Nas segundas-feiras, vinham as prisões.
Carcereiro popular, Moro deixou filhotes no Ministério Público e no Judiciário.
Eles só não aprenderam a lição na qual o País tem o STF, que pode até ser uma
Corte de indicados, mas existe na Constituição.
(Via
Blog Roberto Moreira)