Não foi traição. Traição é algo que você faz e não avisa. Eu avisei que não me manifestaria sobre a eleição estadual. Agora Ciro fica aí falando de facada”. A afirmação do senador Cid Gomes, em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, trata das declarações do irmão, o ex-presidenciável Ciro Gomes (ambos do PDT), ao podcast PontoPoder, do jornal Diário do Nordeste, na semana passada.
A reportagem discorre sobre a relação estremecida dos irmãos desde a eleição de 2022, quando Ciro amargou o quarto lugar na disputa pela presidência do Brasil – pior resultado nas quatro vezes que concorreu ao cargo – sem ter o senador no palanque. Cid, por sua vez, foi mais ativo na campanha de segundo turno do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Após meses do pleito, os dois irmãos voltam a se encontrar em lados opostos, com Cid travando uma disputa pela presidência do PDT no Ceará. O partido é o berço eleitoral da família Ferreira Gomes. Ciro, em contrapartida, defende a manutenção do deputado André Figueiredo no cargo.
O pano de fundo para a discordância, aponta a reportagem da Folha de São Paulo, é a eleição do ano passado. Ciro acusa o irmão de ter sido abandonado por ele, cuja prioridade foi a aliança com o PT e com o ex-governador do Ceará, Camilo Santana (PT), atual ministro da Educação.
“Esta faca ainda está ardendo muito nas minhas costas”, disse o ex-presidenciável ao PontoPoder, insistindo na analogia tanto no primeiro turno das eleições do ano passado quanto na mais recente entrevista coletiva no encontro regional do PDT, em Fortaleza, no último dia 22
Na entrevista, Cid explica que “como não concordava em romper a aliança, me recolhi para não brigar com Ciro e me resguardei. Eu avisei que não iria manifestar na eleição estadual”, justificando porque preferiu não ser uma voz ativa durante o pleito passado”.
“Tudo o que eu previ aconteceu. Tivemos uma grande derrota”. Roberto Cláudio ficou em terceiro na eleição, com 14,14% dos votos, enquanto Elmano Freitas, do PT, venceu a disputa no primeiro turno com 54,02%.
O senador contou ainda que o afastamento do irmão, a decisão do partido por Roberto Cláudio e o rompimento com o PT no Ceará fizeram com que ele passasse por uma fase difícil no ano passado.
“Eu achava errada a postura do partido e me resguardei. Foram os piores meses da minha vida”, contando ainda que esperava que a situação melhorasse após a eleição.
Questionado sobre o rumor de pedetistas de que Cid sairia do partido, o parlamentar é enfático: “Nunca falei que sairia do PDT. O que eu fiz foi dar justamente um argumento de que não sairia. Tanto não quero sair que me disponho a ser presidente [do partido no Ceará]”.
A expectativa é de que até o início desta semana, quando Carlos Lupi, presidente licenciado do PDT, conversará com Elmano e Camilo Santana, saia uma definição de quem comandará o diretório no Ceará.
DN