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Vídeo com ataque de Olavo de Carvalho leva vice a ironizar e presidente a criticar guru; generais no Planalto tentam se isolar. A ala do governo Jair Bolsonaro (PSL) ligada às Forças Armadas interpretou a publicação de um vídeo com críticas a militares como um recado do presidente para tentar moderar as movimentações de seu vice, general Hamilton Mourão (PRTB).
O desconforto gerado pelo vídeo reproduzido no final de semana em seu canal oficial no YouTube levou Bolsonaro a criticar na segunda-feira (22), pela primeira vez, declarações do escritor Olavo de Carvalho, guru do entorno ideológico do presidente.
O recuo, porém, não alterou a avaliação de militares sobre a tentativa de Bolsonaro de atingir Mourão —segundo oficiais ouvidos pela Folha, ele e seus filhos alimentam uma "paranoia" sobre as intenções do vice-presidente. Enquanto isso, generais que despacham no Planalto mantêm estratégia para se manterem próximos do presidente e se diferenciarem de Mourão. O vídeo em que Olavo de Carvalho ataca militares foi publicado no sábado (20) no canal de Bolsonaro e apagado no final da tarde de domingo (21), como antecipou a coluna Painel, da Folha.
Na segunda, Mourão assumiu posição de ataque contra Olavo. "Eu acho que ele deve se limitar à função que ele desempenha bem, que é de astrólogo. Ele pode continuar a prever as coisas, que ele é bom nisso", disse, ironizando uma das atividades anteriores do escritor. Segundo o vice, "Olavo perdeu o timing, não está entendendo o que está acontecendo no Brasil".
Mourão disse acreditar que Bolsonaro não sabia do conteúdo do vídeo. Generais, no entanto, dizem estar convencidos de que o presidente autorizou a postagem comandada por seu filho Carlos. (Igor Gielow , Thais Bilenky , Talita Fernandes e Gustavo Uribe)