Quem tem razão: Ophir Cavalcante,
presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, ou o músico Alceu Valença, que
além de compositor de clássicos da MPB, como Morena Tropicana, é também
advogado? Neste domingo, a OAB divulgou nota em defesa do ex-ministro da
Justiça, Marcio Thomaz Bastos, que também presidiu a entidade. Segundo a Ordem,
o advogado é como o padre: abomina o pecado, mas ama o pecador. Alceu, por sua
vez, considera indecorosa a postura de um ex-ministro da Justiça que abraça a
causa de um dos maiores contraventores da República por R$ 15 milhões.
Até ontem, Thomaz Bastos era chefe da
Polícia Federal republicana e, como tal, permitia até invasões de escritórios
de advocacia. Hoje, como advogado, diz que não aliena a ninguém – apenas a sua
consciência – o direito de advogar. Como advogado, ele já orientou antigos
alvos da PF republicana, como a empresária Tânia Bulhões, a quem sugeriu a
delação premiada, incriminando seu pobre contador. No caso mais polêmico, está
recebendo R$ 15 milhões de Carlos Cachoeira, que, na semana que passou,
debochou dos membros da CPI com seu silêncio sarcástico.
O ex-ministro da Justiça diz que não
julga seus clientes – isso seria tarefa do todo-poderoso. Nesta reportagem, a
montagem que a ilustra utiliza uma pintura famosa do italiano Giotto sobre o
inferno e os pecadores. Ok, o advogado abomina o pecado e ama o pecador. Mas
será que ele ama mais o pecador que lhe paga R$ 15 milhões obtidos fora da lei?
(Portal Brasil247)