Na edição que chega às bancas neste fim
de semana, a revista Veja publica uma nova denúncia contra o ex-presidente
Lula, ancorada num depoimento do ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar
Mendes. De acordo com a reportagem, assinada por Rodrigo Rangel e Otávio
Cabral, Lula pressionou Gilmar a adiar a votação do processo do mensalão. Em
troca, blindaria o ministro na CPI do caso Carlos Cachoeira.
Segundo o relato da revista, Lula e
Gilmar se encontraram no dia 26 de abril no escritório do advogado e ex-ministro
Nelson Jobim. O que deveria ser um encontro de cortesia teria se transformado
num episódio de pressão explícita. “É inconveniente julgar esse processo
agora”, teria dito Lula a Gilmar, reivindicando que o processo do mensalão
fosse decidido apenas após as eleições municipais de 2012.
E A VIAGEM A BERLIM?
Em seguida, diante da reação pouco
amistosa de Gilmar, Lula teria passado um recado. “E a viagem a Berlim?” Gilmar
Mendes fez uma viagem recente a Berlim, onde se encontrou com o senador
Demóstenes Torres (sem partido/GO). Carlos Cachoeira também foi à capital
alemã, na mesma data, mas não se sabe se houve encontros dele com o senador e o
ministro do STF.
Gilmar se sentiu pressionado e relatou
a conversa à revista Veja, a quem disse ter considerado indecoroso o
comportamento do ex-presidente da República. “Fiquei perplexo com o
comportamento e as insinuações despropositadas do presidente Lula”, disse ele à
revista. Gilmar afirmou ainda que viaja com frequência a Berlim, onde fez seu
doutorado e onde também mora sua filha. “Vou a Berlim como você vai a São
Bernardo”, teria dito ele a Lula.
Anfitrião do encontro, Nelson Jobim
colocou panos quentes. Disse que não ouviu tudo o que foi tratado no encontro e
a que a conversa se deu em “tom amigável”. Fica, portanto, a palavra do
ministro Gilmar Mendes contra a do ex-presidente Lula, que, procurado por Veja,
não se pronunciou.(Portal Brasil247)