O
advogado José Luiz de Oliveira Lima, que fará a defesa oral do ex-ministro José
Dirceu no processo do mensalão, que deve começar a ser julgado no início de
agosto, já delineou sua estratégia de defesa. Trata-se de separar o José Dirceu
ministro da Casa Civil do José Dirceu que, durante décadas, liderou o PT. “É
humanamente impossível um homem público exercer um cargo de ministro-chefe e
ainda interferir nos atos de dirigentes do PT”, disse Oliveira Lima, conhecido
no mercado como “Dr. Juca”, ao jornal O Globo.
Nas
acusações do mensalão, feitas primeiro pelo procurador-geral Antônio Fernando
dos Santos, e depois reiteradas por Roberto Gurgel, José Dirceu é apontado como
“chefe de quadrilha”. Delúbio Soares, então tesoureiro do PT, e José Genoíno,
ex-presidente do partido que assinou os empréstimos tomados junto aos bancos
Rural e BMG, são apontados como figuras subordinadas ao ex-ministro da Casa
Civil. Segundo Dr. Juca, “José Dirceu não tinha ciência dos repasses da
secretaria de Finanças” do Partido dos Trabalhadores, que era comandada por
Delúbio Soares. O advogado de defesa também afirma que nunca houve
relacionamento entre Dirceu e o publicitário Marcos Valério de Souza.
Esta
estratégia cria certo desconforto entre os demais réus do mensalão, como
Delúbio e Genoíno, que estão numa posição mais frágil por terem assinado ou
avalizado os empréstimos. Ambos temem pagar um preço maior pelo consideram uma
missão partidária ou política. Todos negam a existência do mensalão, como
esquema de compra de apoio parlamentar, mas admitem a prática de caixa dois
eleitoral. (Brasil
247)